REFLEXÃO


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pensata
04/09/2007

A invenção do Morro do Piolho

Quase ninguém conhece o Morro do Piolho. É uma área pobre do norte da cidade de São Paulo, com pouco saneamento básico, até há pouco dominada por traficantes. Com altos índices de violência, era uma espécie de terra de ninguém -- ou, mais precisamente, terra de marginais.

A polícia nem sequer entrava lá -- dizia-se que as vielas e escadões eram os obstáculos geográficos que impediam o fluxo de viaturas. Agora, o Morro do Piolho está prestes a sair do anonimato: candidata-se a entrar para a história como uma escola, de impacto nacional, de combate ao crime.

Lançou-se em um dos bairros que circundam o Morro do Piolho -- o Jardim Elisa Maria -- uma operação jamais vista contra a violência no Brasil. Jamais vista porque se articularam secretarias de Esportes, Educação, Justiça, Tecnologia, Assistência Social, Transportes, Infra-Estrutura, Saúde e Segurança da prefeitura e do governo estadual.

Não há registro de que tenha sido realizada, no país, uma experiência tão complexa para garantir a segurança da população. É pioneira a iniciativa de envolver tantos parceiros num mesmo foco --sem contar que à esfera pública se arregimentaram organizações locais.

Devido à complexidade da experiência, o Morro do Piolho entra para a história do combate ao crime. Afinal, cuida-se da escola e também do seu entorno: iluminação, limpeza dos córregos, postos de saúde, concessão de bolsas de renda mínima, cursos profissionalizantes, policiamento comunitário.

Se for um fracasso, ou seja, se depois da saída da polícia, voltarem os mesmos índices de criminalidade, terá falhado um programa que envolve tanta gente com habilidades tão diferentes e complementares, atuando na repressão e na prevenção. Se isso ocorrer, teremos de aprender como não se deve gerir um plano de segurança.

Se der certo, o Morro do Piolho poderá ser a melhor invenção brasileira de um modelo disponível de integração de forças para gerar segurança nas regiões metropolitanas brasileiras.


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Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
 
 
 

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