Governo
cria regularização para trabalhador eventual em vez
de novos empregos
Em vez de elaborar
políticas de desenvolvimento e criação de empregos,
o governo brasileiro começou uma campanha para "formalizar"
as atividades informais. A idéia é tornar mais flexíveis
as relações empregaticias de categorias que trabalham
só alguns dias por mês na indústria, no comércio
ou em domicílios - tais como técnicos, faxineiras,
jardineiros e outros.
Detalhes do
projeto foram revelados ontem (13/06) pelo ministro do Trabalho,
Paulo Jobim, que está em Genebra para participar da Conferência
Mundial do Trabalho. A proposta deve ser enviada pelo Palácio
do Planalto ao Congresso antes do fim do ano. Com isso, o governo
espera tirar 10 milhões de pessoas da economia informal.
O novo regime
não implicará vínculo trabalhista. Não
haverá carteira assinada. Mas haverá proteção
social. No caso de quem trabalha em diferentes locais, terá
de ter a previdência paga proporcionalmente pelos diferentes
empregadores. O empregado eventual passa a ser coberto pela rede
de proteção social e também terá direito
a abono salarial. E o governo, claro, arrecada mais.
O mais curioso
em toda essa história é que até o próprio
ministro reconhece o perigo desse projeto tornar ainda mais precárias
as relações trabalhistas
Leia
mais:
- Regras para o trabalhador eventual
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Regras
para o trabalhador eventual
O novo regime não implicará em vínculo empregatício,
mas deverá dar proteção social. O ministro
do Trabalho, Paulo Jobim, revelou ontem em Genebra que o governo
prepara a criação de um regime de trabalho específico
aos empregados eventuais, para tentar tirar 10 milhões de
pessoas da economia informal.
Jobim, que participa
da Conferência Mundial do Trabalho, acha que o Palácio
do Planalto vai enviá-lo ao Congresso antes do fim do ano,
deixando assim para o próximo governo tentar aprová-lo.
A idéia
é de atrair para o mercado formal de trabalho, de maneira
especial, categorias que trabalham na indústria ou em domicílio
(técnicos, faxineiras, jardineiros e outros) de forma provisória,
só alguns dias por mês e dificilmente seriam legalizados.
O novo regime
paralelo não implicará vínculo trabalhista.
Não haverá carteira assinada. Mas haverá proteção
social. Um grupo de economistas e juristas elabora os detalhes do
projeto. A princípio, deve cobrir quem trabalha até
15 dias por mês. No caso de quem trabalha em diferentes locais,
sem ultrapassar esse limite, terá de ter a previdência
social paga proporcionalmente pelos empregadores. Igualmente, se
um eletricista trabalha apenas uma semana numa tarefa específica
numa companhia, o empregador paga proporcionalmente a previdência
social e nada mais.
O Ministério
do Trabalho prepara um recibo especial para esse pagamento. A taxa
da previdência social que o empregador paga é hoje
de 20% no regime de trabalho formal. No regime especial pode ser
menos para atrair participantes. Para o ministro, o novo regime
dará segurança jurídica ao empregador e proteção
social ao empregado temporário. "Todos ganham com isso",
salientou, lembrando que os patrões hoje já enfrentam
sérios riscos ao não legalizar os empregados eventuais.
"Há tribunais aceitando caracterizar o vínculo
empregatício de quem trabalha mesmo só algumas horas
regularmente, como a faxineira".
O empregador
pagará proporcionalmente a previdência social do empregado
e reduzirá seu risco jurídico de sofrer multa por
empregar sem carteira assinada. O empregado eventual passa a ser
coberto pela rede de proteção social e também
terá direito a abono salarial. E o governo arrecada mais.
O ministro reconhece
o perigo desse projeto tornar ainda mais precárias as relações
trabalhistas, na medida em que se burlar o sistema. Mas diz que
o Ministério do Trabalho está "tomando todos
os cuidados" para evitar que os empregados que hoje tem carteira
sejam empurrados a migrar para o regime de trabalho eventual. Segundo
um assessor, haverá prazo de 90 dias para se passar de um
regime a outro. "Esse regime não vai substituir ao sistema
formal de trabalho", diz o ministro.
Jobim mostrou
cifras indicando a geração de 1,2 milhão de
empregos formais de janeiro de 2000 até abril de 2002, no
meio de crises (da Rússia, da energia, da Argentina) e fraco
crescimento econômico. A situação contrasta
com o período 1990/99, quando o emprego formal caiu fortemente.
Hoje, em discurso
na Conferência Mundial do Trabalho, o ministro brasileiro
planeja chamar atenção para o "o risco social"
que a onda protecionista dos países industrializados provoca
nas nações em desenvolvimento. "Fica difícil
combater o emprego informal em nossos países, que eles (os
grandes) dizem condenar".
No combate ao
trabalho escravo, diz que só este ano o governo libertou
mais de 700 trabalhadores. Foram 4.350 desde 1995. A lei prevê
até desapropriação das terras de quem escraviza
empregados. Mas não há registro de quantas pessoas
foram presas por se utilizar de trabalho escravo. "Até
agora sabemos de um, lá no Pará", reconhece um
assessor. O ministro reconhece também a existência
do trabalho infantil, mas insiste que o governo combate o problema.
(Gazeta Mercantil)
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