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Mês de Junho 2002

 

Classe média afunda com o inócuo crescimento econômico

Só não se pode dizer que a classe média brasileira está no buraco porque já se descobriu que, no Brasil, o fundo do poço é apenas mais uma etapa. O desemprego, que há pouco parecia drama de trabalhador, tornou-se uma tragédia real e crescente. A renda ficou mais curta, depois de anos seguidos de estagnação econômica. Abandonada pelas antigas estruturas do serviço público, que lhe davam chão, teto, estudo e muitas vezes emprego, a classe média brasileira está encalacrada na pior crise de sua história.

Afinal, foi a classe que mais perdeu fôlego, tornando-se a grande vítima de uma economia que não cresce, de uma estabilidade a juros altíssimos. Após enfrentar sete anos de crescimento médio anual de 2,5%, uma parcela considerável dos 80 milhões de brasileiros, que podem ser incluídos naquilo que se chama de classe média, vive um estágio de "pré-argentinização". Um percurso lento e contínuo de empobrecimento. Um sinal é que nos últimos cinco anos, o valor médio dos gastos com alimentação das famílias de classe média reduziu-se em 25%, apesar de a inflação acumulada nesse período ter sido de 50%.

Na economia parada dos 90, foram extintos cerca de 500 mil postos de trabalho nas ex-estatais e, a iniciativa privada não deu conta de compensar a perda. Sem o crescimento sustentado da economia, o mercado de trabalho capotou. A economista Lilian Miller, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima que foram eliminados 420 mil "empregos de qualidade" naquela década. Uma pesquisa do economista Marcio Pochmann, da Unicamp, mostra que a taxa de desemprego aumentou 620% nos últimos dez anos para pessoas com mais de oito anos de instrução. Já para aqueles com instrução inferior a um ano, cresceu menos, 189%.

Cabe agora aos pais de classe média preparar seus filhos para uma nova condição. Eles terão que abrir mão de confortos como trocar de carro, estudar em uma boa escola, viajar nas férias, ter empregada doméstica. Não podemos esquecer que a classe média se confunde com a própria nação - quando ela cai, o país inteiro vai junto.

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