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emenda constitucional
12/08/2004
Câmara aprova expropriação de terras onde for explorado trabalho escravo

BRASÍLIA. O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem, por 326 votos a 10, a proposta de emenda constitucional que prevê a expropriação de fazendas onde se constatar a prática de trabalho escravo. Ontem, durante todo o dia, líderes do governo e aliados tentaram costurar acordo para aprovar a proposta. A força da bancada ruralista na Câmara, formada também por deputados de partidos aliados como PP, PL e PTB, entretanto, prevaleceu e o texto, alterado, terá que retornar ao Senado.

O principal ponto mudado foi a retirada da preferência de assentamento dos trabalhadores que estavam sendo submetidos a trabalho escravo nas terras. Dessa forma, as áreas expropriadas serão destinadas ao programa de reforma agrária. Pelo texto aprovado na comissão especial que tratou da PEC, as terras confiscadas seriam destinadas à reforma agrária, beneficiando os colonos explorados.

Vitória dos ruralistas
O relator da PEC, Tarcísio Zimmermann (PT-RS), minimizou a vitória dos ruralistas e acrescentou que o fundamental foi garantir a expropriação das terras na Constituição.

"O importante é a constitucionalização da expropriação das terras".

O relator aceitou duas emendas ao texto aprovado na comissão. Uma inclui propriedades urbanas entre as que podem ser expropriadas, se nelas for detectado trabalho escravo ou plantações de culturas ilegais de plantas psicotrópicas. No meio urbano, os terrenos serão destinados a programas de habitação popular. A outra emenda, que tratava da apreensão de bens de valor obtidos com as atividades ilegais, em vez de indicar destinação, como instituições de tratamento de dependentes de drogas ou assentamentos de colonos, o novo texto remete a um fundo especial. Uma lei, a ser elaborada, disciplinará o uso dos recursos.

A comissão especial da Câmara havia aprovado a proposta em maio. Na época, o governo já havia cedido e incluído no texto o artigo da Constituição que garante o direito de ampla defesa. A fazenda somente será confiscada após o processo judicial ter transitado em julgado.

Em julho, o governo divulgou lista elaborada pelo Ministério do Trabalho com os nomes dos infratores que exploram trabalho escravo no país. A lista continha os nomes de 41 proprietários rurais e oito empresas que foram autuados pelo governo federal e condenados em processos contra os quais não cabe mais qualquer recurso administrativo. Em 49 fazendas, fiscais do Ministério do Trabalho, agentes da Polícia Federal e procuradores libertaram 2.300 pessoas que eram mantidas em situações análogas à de trabalho escravo e submetidas a formas degradantes de trabalho.



ISABEL BRAGA
do jornal O Globo

   
 
 
 

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