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20/02/2004
Desemprego cresce entre ricos, mas pobres ainda são mais prejudicados

SÃO PAULO. Nos últimos dez anos, o desemprego cresceu mais entre as famílias da classe alta, mas ainda são os mais pobres os mais atingidos pelo problema. Estudo divulgado ontem pela Secretaria de Trabalho de São Paulo mostra que a taxa de desemprego das famílias mais ricas passou de 2,6% em 1992 para 3,9% em 2002 — uma alta de 50%. A população de escolaridade elevada também sofre com o resultado do baixo crescimento econômico do país.

Um dado revelador dessa nova situação é o expressivo crescimento de 87,4% do número de desempregados na classe alta, entre 1992 e 2002, passando de 232 mil para 435 mil pessoas. No total, a taxa de desemprego geral do país cresceu 40% no período, passando de 6,7% para 9,3% da População Economicamente Ativa (PEA), e o número de pessoas desempregadas subiu 73%.

"A maior pressão pela procura de trabalho nos níveis mais altos de renda se deve à queda do rendimento da família dessa classe. Outros integrantes dessas famílias, que antes não procuravam emprego, passaram a buscar uma ocupação", disse o secretário do Trabalho, Márcio Pochmann, coordenador do estudo.

A pesquisa considerou de classe baixa as famílias com rendimentos de até R$ 652 por mês. Ficam na classe média os que têm renda até R$ 2.600. Na classe alta estão as famílias que recebem mais que R$ 2.600 por mês.

Embora a taxa de desemprego da classe baixa tenha subido 46,8% entre 1992 e 2002, passando de 9,4% para 13,8% da PEA, os pobres ainda são a grande maioria dos desempregados: 4,8 milhões de pessoas no país. A classe média tem 2,5 milhões de pessoas sem emprego, de acordo com o IBGE. Para esse segmento, a taxa de desemprego subiu menos, de 5,3% para 6,6% da PEA, numa alta de 24,5%.

"O fato de o desemprego estar crescendo mais entre os ricos não significa que está se concentrando nessa classe. Cresce para todo mundo, mas num ritmo diferenciado", explica Pochmann.

A situação não é mais tranqüila para aqueles que estudam mais, uma vez que a maior alta na taxa de desemprego, de 1992 para 2002, ocorreu para aqueles que têm 14 anos de estudo. O índice para o segmento da população com nível universitário cresceu 76,9%, de 3,5% da PEA para 6,2%.

"Hoje não há qualquer segmento imune ao desemprego", disse o secretário.

Mais uma vez, os pobres são os mais afetados, mesmo que tenham estudado mais. No grupo dos brasileiros que têm 15 anos de estudo (nível universitário), a taxa de desemprego dos pobres chega a 26,7%, ou seja, 11,6 vezes mais que a registrada para os ricos com a mesma escolaridade, cujo índice é de 2,3% da PEA.

Relacionamento torna-se tão importante quanto estudo
Essa grande diferença entre dados de desemprego para pobres e ricos mostra que não basta estudar para conseguir uma ocupação:

"Aumenta a importância do relacionamento para a obtenção do emprego. O pobre, mesmo tendo às vezes o mesmo nível de escolaridade do rico, não tem os contatos dessa classe social", diz Pochmann, acrescentando que, além do preconceito racial, a maior concorrência por uma vaga agrava o preconceito de classe.

As taxas de desemprego, de uma maneira geral, elevaram-se num ritmo mais rápido justamente para os níveis de maior escolaridade. Entre os pobres, o índice é maior para quem tem nove anos de estudo (27,4% da PEA). Atinge 13,3% para classe média com nove anos de estudo, também a maior alta, e 11% entre os ricos com 12 anos de estudo.




As informações são do jornal O Globo.

   
 
 
 

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