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mundo
21/09/2004
EUA atacam proposta de imposto contra a fome

NOVA YORK. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu reunir ontem representantes de 107 países — sendo 60 chefes de Estado e de governo — em torno de sua proposta de uma aliança internacional para o combate à fome e à pobreza. Mas será preciso um grande esforço de negociação para que os países cheguem a propostas concretas na Assembléia-geral da ONU, no ano que vem, quando será avaliado o cumprimento das Metas do Milênio. O tamanho das dificuldades pode ser medido pelo discurso da secretária da Agricultura dos Estados Unidos, Ann Veneman, representante do governo Bush.

"É preciso medidas concretas para obter recursos para financiar o desenvolvimento. Impostos mundiais não são democráticos e sua aplicação, impossível", disse Ann, criticando a proposta de taxação de transações financeiras, que poderia render uma arrecadação estimada em US$ 17 bilhões por ano para programas contra a fome.

As propostas foram encampadas por Chile, França e Espanha. Lula, no entanto, não desanimou. Em entrevista coletiva à noite, disse que as propostas não são definitivas.

"Em política, já vi milhares de pessoas serem contra uma coisa ontem e serem favoráveis à mesma coisa no dia seguinte. Estamos começando um processo que envolve diversos países e muitos especialistas. O tempo vai permitir que quem discorda apresente uma proposta melhor. Nossas propostas não são definitivas nem somos donos da verdade. Só temos clareza de que a questão da fome não pode ficar assim e nem tratada de um jeito que não deu certo", disse o presidente. "Estamos num período eleitoral nos Estados Unidos e ano que vem poderão ser possíveis propostas consideradas impossíveis hoje. O governo americano deu um passo importante ao enviar a ministra da Agricultura. O mais importante não é concordar nem discordar, é participar".

Apoio
Na entrevista, o presidente da França, Jacques Chirac, disse que as instituições internacionais concordam com a proposta brasileira, que será discutida na próxima reunião do FMI. Chirac disse que não se pode ser contra uma idéia apoiada por mais de cem países.

Ao falar na abertura da reunião, Lula fez um apelo aos governos, organizações sociais, sindicatos e empresas para que reafirmem e ampliem seus compromissos com as Metas do Milênio e criem uma parceria global para superar a pobreza:

"A pior resposta ao drama da fome é não dar resposta nenhuma", disse Lula.

Em seu discurso, Lula afirmou que as Metas do Milênio — de reduzir à metade até 2015 as pessoas que vivem com menos de US$ 1 — são justas e viáveis, mas podem virar letra morta por falta de vontade política e alertou para os riscos que isso pode representar para a comunidade internacional. Ele fez um apelo para que as promessas dos países desenvolvidos, de investir nos países em desenvolvimento, transformem-se em realidade, evitando a frustração dos mais pobres:

"Não podemos permitir que isso aconteça. Seria uma frustração tremenda para grande parcela da humanidade, com danos gravíssimos à paz mundial. Chegou a hora de tornar o compromisso palpável e operacional".

O presidente acrescentou que os países pobres precisam fazer sua parte, para que os programas de combate à fome e à pobreza sejam implementados com êxito. Lula e os demais governantes, como Chirac, que disse que “é preciso que os países pobres ponham ordem na casa para receber a ajuda”, falaram sobre a importância do combate à corrupção para que esse esforço internacional não seja desvirtuado.

"Os países pobres e as nações em desenvolvimento terão autoridade moral para cobrar dos países ricos se não se omitirem internamente, se fizerem a sua parte, se aplicarem de modo honesto e eficiente seus próprios recursos no combate à fome e à pobreza?", disse Lula.


HELENA CELESTINO
do jornal O Globo

   
 
 
 

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