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bolsa-família
21/10/2003
Lula unifica projetos sociais, mas verba já está ameaçada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem o principal programa social do seu governo, o Bolsa-Família, anunciando que ele terá R$ 5,3 bilhões no ano que vem. O ministro Guido Mantega (Planejamento, Orçamento e Gestão) disse, entretanto, que essa quantia não está assegurada. "Vamos lutar para que seja isso, mas não posso garantir nada."

Segundo Mantega, que participou da cerimônia de lançamento, mas fez a afirmação antes do discurso de Lula, todo o Orçamento terá de ser revisto se for atendida a exigência da chamada bancada da saúde, que quer desvincular os recursos do Bolsa-Família do gasto obrigatório do governo federal na área de saúde. Nesse caso, será preciso retirar R$ 3,5 bilhões de outras áreas e destinar à saúde.

A aplicação de recursos prevista para a saúde vem se transformando na principal polêmica em torno do Orçamento. A Constituição determina que o orçamento para o setor seja corrigido, ano a ano, com base na variação nominal do PIB (Produto Interno Bruto). Para fechar essa conta, o governo incluiu como gastos do Ministério da Saúde R$ 3,5 bilhões, referentes a obras de saneamento e programas de combate à fome.

"Eixo certo"
O Bolsa-Família resulta da unificação de quatro programas de transferência de renda: Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão-Alimentação (Fome Zero). "Acho que, agora, entramos no eixo certo", disse Lula, em uma referência indireta ao fato de o lançamento ter sido adiado duas vezes.

Embora a unificação tenha como objetivo alcançar também os programas estaduais, compareceram apenas quatro governadores de Estados pequenos (Acre, Goiás, Pará e Piauí), além de dois interinos (Amazonas e Tocantins). Inicialmente, a unificação será apenas de programas federais. O governo quer fazer, no futuro, uma parceria com os programas estaduais.

O pagamento do Bolsa-Família começa a ser feito, a partir do dia 27 de outubro, inicialmente a 1,2 milhão de famílias. O programa vai transferir no mínimo R$ 15 e no máximo R$ 95 a famílias que tenham renda mensal per capita inferior a R$ 100. Esse valor é somado ao de eventuais programas estaduais e municipais. Os atuais programas continuam sendo pagos até que seus beneficiários entrem no programa unificado.

O presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, participou, de Washington, da cerimônia por intermédio do sistema de videoconferência. Ele disse que a justiça social é um pré-requisito para o crescimento econômico. "Esse é o tipo de equilíbrio que estamos buscando em todo o mundo. Não é fácil, por causa dos interesses políticos em jogo", disse.

Lula afirmou que é preciso construir uma ponte entre os dois mundos existentes no Brasil, "e o nome dessa ponte é oportunidade". Ressaltou que a transferência de renda será feita sob diversas condições, entre elas a comprovação de presença dos filhos na escola, vacinação e comparecimento periódico a postos de saúde.

Assim como a coordenadora do Bolsa-Família, Ana Fonseca, Lula não ignorou os programas anteriores a seu governo. "Quando assumimos, encontramos alguns programas de transferência de renda em andamento. Procuramos aproveitá-los da melhor maneira possível, corrigindo e aperfeiçoando o que era necessário."

 

WILSON SILVEIRA
Da Folha de S. Paulo, sucursal de Brasília

   
 
 
 

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