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“Desculpe-me
se lhe pareço pessimista, mas é muito, muito,
muitíssimo pior a situação. Precisaríamos
todo o espaço da Folha para descrever todos os erros,
todos os problemas e mais o total do espaço de muitas
edições para discutirmos soluções
inteligentes.
O senhor, ao fim de seu texto, pergunta quantas coisas podem
ser mais absurdas do que crianças que não aprendem
pela falta de óculos ou porque não ouvem direito...
Penso que o senhor possui a resposta, na ponta da língua.
Mas, redundantemente, responderei à sua pergunta: Os
nossos políticos, e tudo e todos que eles representam.
Os seus eleitores, os seus interesses mesquinhos, as suas
visões toscas e distorcidas do mundo, as suas existências
desprovidas de éticas e abundantes de corrupção,
egoísmos, egocentrismos e total ausência de inteligência.
Essas crianças que não conseguem aprender por
falta de óculos, ou porque não ouvem direito,
são a ponta do iceberg da ignorância, do pouco
caso, da total e absoluta falta de compromisso social de todos
os governantes, políticos e administradores públicos.
Se possuíssem óculos e aparelhos auditivos,
eles cairiam no inferno do total despreparo e da absoluta
burrice do ensino nesse país.
Sr. Gilberto, pior do que crianças que não aprendem
pela falta de óculos ou porque não ouvem direito
é saber que nesse país ainda morre gente por
não saber usar água e sabão. É
saber que confundem escola com educação.
Escola: qualquer que seja ela e em que grau, apenas instrui,
qualifica ou profissionaliza. Educação não
é apenas escola, apesar de ser a base inequívoca
da mesma.
Pior do que não aprender por não enxergar ou
não ouvir é ver que Educação é
algo totalmente relegado ao último lugar na lista das
prioridades. Primeiro vem o levar vantagem, depois a corrupção,
depois a soberba que impregna todo o corpo de professores
e educadores que se julgam os donos da verdade e detentores
do saber supremo.
Educação é tudo. É o que se aprende
em casa, na escola, na sociedade, no trabalho, nos museus,
nas amizades, no mundo. O Índio tem um pensamento claro
para isso: a Índia dá à luz, mas é
a tribo quem educa. A nossa tribo, a sociedade, está
doente moral e eticamente. O que se pode aprender com ela,
então?
Alexandre Carneiro,
estatístico - São Paulo (SP) -
sacha@estadao.com.br
“Estou com 62 anos, fiz meu curso primário no
Grupo Escolar Oswaldo Cruz, Mooca. Tínhamos um consultório
médico e outro odontológico no grupo escolar,
semanalmente recebíamos as visitas de profissionais
para exames de rotina. Inúmeros casos que possivelmente
acabariam em hospitais eram corrigidos ali mesmo com benefícios
para os alunos e a rede hospitalar.”
Alberto Barale Filho -abarale@terra.com.br
“Lendo seu artigo indignado acerca do descaso sobre
as condições de saúde das crianças
(estudantes) e acompanhando, na Folha e na CBN, a sua dedicação
ao tema da educação no Brasil, venho respeitosamente
sugerir que a Folha banque um projeto de chamada de consciência
até à tomada de ações concretas
pelos diversos governos, com manchetes de primeira página
diárias, assim como tem sido feito com a CPMF ou com
os processos contra o senador Renan Calheiros. O assunto da
educação é muito mais importante do que
qualquer outro que tenha sido levantado durante este ano,
e por isso estou escrevendo este correio (não tenho
muito hábito de fazer isto).
A imprensa no Brasil foi adquirindo ao longo das últimas
décadas uma força imensa, que trouxe consigo
uma responsabilidade não menos importante. É
minha opinião que o papel de investigar, denunciar
e informar necessita ser agora acompanhado pelo de influenciar
decisivamente nas questões sociais mais relevantes,
abstendo-se na medida do possível de adentrar aspectos
partidários e preservando os valores democráticos.
Neste ponto, talvez ainda haja uma lacuna a ser preenchida.
Da parte que me cabe, sou formado em engenharia pela UFRJ,
e o meu filho acaba de prestar Vestibular na Fuvest, para
jornalismo. Minha formação numa boa universidade
pública permitiram-me proporcionar-lhe uma boa educação
(privada), e isso também me deixa com responsabilidade
neste assunto. Esta tentativa de sensibilizar alguém
vem um pouco da dívida que tenho com o País
que patrocinou os meus estudos.
Sabendo ser sincera a sua preocupação, e como
membro do Conselho Editorial da Folha, sei que o senhor irá
considerar seriamente esta proposta.”
Filipe Costa Pinto dos Reis
Miranda - filipe_miranda@yahoo.com.br
“Acabo de ler uma nota sua,
intitulada “É muito pior do que eu pensava”.
A primeira reação, claro, foi de indignação.
Em um país tão pobre, é sabido que uma
educação melhor faria muita diferença.
Indignação por pensar nos profissionais de ensino
que produzem greves e mais greves, e que nos fazem pensar
que a melhora do nosso ensino passa tão somente por
maiores salários aos professores. Mas essa é
a reação fácil, creio que até
tenha sido sua intenção provocar esse sentimento.
Contudo, depois de alguns minutos de reflexão e de
uma releitura, a reação passou de indignação
para reflexão, principalmente pela seguinte passagem:
“Fôssemos uma nação civilizada...”.
Afinal, somos nós, brasileiros sem memória,
os únicos culpados? Então, pensei em como cheguei
a sua nota: Caderno de Economia do UOL, depois do caderno
de economia, uma notícia sobre CPMF, e então
em um link com uma fonte creio que dois pontos menor que o
restante do texto. Voltei à página principal
do UOL e depois à página de Economia: nenhuma
referência a sua nota. Na página principal do
UOL encontrei em destaque resultados e desgraças do
brasileirão em destaque, vestibular e os pelados da
Globo para salvar a audiência da novela das 8. Sei que
é desnecessário, pois a associação
o senhor já deve ter feito, mas não posso deixar
de ressaltar a ironia de encontrar o link para sua nota em
uma página onde se apresentava a intenção
de tornar permanente o “roubo legalizado”, originalmente
destinado a saúde.
Por último, ficou a seguinte pergunte: se é
mesmo tão importante, e creio que é, por notícias
como essa não tem o destaque que merece? Por quê
Folha, Estado, o Globo, etc, etc não cobram explicações
do governo sobre isso? Por que não está na manchete
da Folha de São Paulo: “xx% dos alunos da rede
pública tem problemas simples de saúde que dificultam
o aprendizado e são condenados a marginalidade”,
e logo abaixo: “O que nosso governo está fazendo”.
E porque depois de uma semana, um mês: “O que
o nosso governo fez?”. Por que nossa imprensa não
cobra nossos governos, e quando cobra, por que não
acompanha os resultados? Fôssemos uma nação
civilizada, nossa imprensa faria do relatório um escândalo.”
Ketter Ohnes Rogerio -
ketter@uol.com.br
“Sem educação
nunca seremos uma nação justa e feliz.”
José Luiz monteiro,
Arcos (MG) - jluiz@twister.com.br
"Fôssemos uma nação
civilizada em que se valorizasse o capital humano, o relatório
iria provocar escândalo em toda a nação".
Está na cara que se fôssemos uma nação
civilizada a nossa democracia seria de verdade e não
de mentirinha não é? Falar nisso, a quem interessa
uma nação de imbecis?”
Brenna - bcuiabano@hotmail.com
“Parabéns!”
Mauricio Jorge B.P. Melo -mauriciojorge@radlink.com.br
“Acompanho sempre seu trabalho e sou fascinada por ele.
Cada dia gosto mais do tema da educação. Isso
cresce principalmente pela educação que tive:
classe média alta paulistana, numa escola particular,
com uma mãe que sempre esteve engajada em causas sociais
e sempre me levou para favelas e escolas públicas.
Sempre foi claro para mim como educação é
sim a base de um país, vendo a disparidade entre os
ensinos ou vendo meninas da minha idade da favela sem nenhuma
perspectiva. Atualmente, estudo o último ano do que
corresponderia ao colegial no Canadá. Numa escola com
200 pessoas de 100 diferentes países. É uma
experiência e tanto. Consigo ver traços de cada
país em cada estudante aqui. Como? Consigo ver como
a natureza de liderança norte americana reflete no
individuo, ou como o “jeitinho latino americano”
faz como que sejamos participantes mais sociais do que engajados.
Parece uma visão um tanto estereotipada e generalizada,
mas não é. Acredite. Bom, vendo isso, vejo também
escolas. Vejo como que um curso a mais no currículo,
um curso a menos, a liberdade de escolha de cursos faz uma
grande diferença. Vejo acima de tudo como o sistema
de ensino brasileiro é alienador, exclusivo e fraco.
Agora Gilberto, eu te pergunto, como nós, indivíduos,
podemos mudar isso? Quais ações podemos tomar?
Como podemos implantar o espírito de liderança
norte americana no sistema de ensino brasileiro? Ou a apreciação
pelo ensino que pode ser visto na Ásia?”
Mariana Pimenta -
mari-pimenta@uol.com.br
“Tenho acompanhado seu empenho em divulgar as ações
da prefeitura na área da saúde em especial no
programa "Aprendendo com Saúde". É
louvável e de grande repercussão o relatório
demonstrando o que de certa forma já se sabe, grande
parte de nossas crianças estão doentes, a pergunta
que coloco é: Porque? Por que as unidades básicas
de saúde que deveriam ter estrutura física e
econômica,funcionários e médicos suficientes
para dar um bom atendimento a população, garantindo
o acesso ao diagnostico e tratamento destas patologias não
existem. Outra questão que me incomoda e de suma importancia
é : qual a resolutividade deste programa? ou seja faço
diagnostico, qual a ação para se fornecer o
adequado tratamento, qual o programa que existe para que dado
o diagnostico garantimos o tratamento? Qual o custo de todo
este programa,qual a relação custo beneficio
para o contribuinte que esta pagando este programa? Estamos
em ano pré eleitoral não seria um programa eleitoreiro
sem nenhum efeito prático duradouro e consistente na
saúde de nossas crianças? Você como jornalista
e formador de opinião, serio e inteligente, por favor,
repense estas questões.”
Luis Stuginski
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