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Dia 30/03/01

 

 


Ambiente hostil causa problemas psicológicos em professores

Raquel Souza
(Especial para o GD)

Doenças como depressão e estresse são cada vez mais comuns entre os docentes brasileiros. Convivendo em ambientes de forte tensão, esses profissionais fazem parte de um grupo de risco em que problemas psicológicos podem levar até ao suicídio. O alerta é da professora Hilda Alevato, da Faculdade de Psicologia da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Segundo a professora, a sensação de desânimo e a aparente desmotivação de alguns docentes têm relação com o que ela denomina de Síndrome Loco-Neurótica. "Não se trata de uma doença, mas de uma série de fatores de risco que deixam os sujeitos vulneráveis a problemas como o estresse e neuroses", explica.

Em pouco mais de três meses, o profissional começa a manifestar alterações no sono, gripes constantes e perda do apetite - apenas alguns indicativos de que a saúde emocional não vai bem. Outros distúrbios como impotência sexual, gastrite, úlcera e fadiga crônica também podem se manifestar.

No trabalho, o professor que padece dessa síndrome vive sonhando com o dia da aposentadoria, é apático, não se envolve com as atividades da escola, reclama de todos os alunos e é pessimista diante de qualquer nova experiência.

Além do ambiente hostil ao qual está exposto, somam-se perdas salariais constantes, desvalorização social da profissão e fortes cobranças, o que coloca o professor numa espécie de grupo de risco.

"A Síndrome Loco-Neurótica não é um problema exclusivo dessa profissão, mas no caso dos docentes há grandes complicações como podemos observar. Diante de tanta dificuldade, o professor passa a se sentir impotente", relata a professora da UFF.

Ainda não há dados estatísticos sobre a Síndrome Loco-Neurótica, mas de acordo com a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação), 48% dos docentes sofrem com a síndrome do "burnout" - exaustão profissional depressiva que leva sua vítima a ter distúrbios psicológicos e comportamentais.

Ao contrário do que se possa imaginar, não se trata de um problema presente apenas nas escolas públicas. A síndrome é bastante comum nas instituições que possuem precárias instalações, falhas no processo administrativo, forte pressão das autoridades e dificuldades nas relações interpessoais.

Para o diretor do Sinpro (Sindicato dos Professores Particulares), José Faro, a mercantilização do ensino e o acirramento da disputa entre as escolas da rede particular de ensino estão complicando a vida dos docentes que trabalham no setor privado.

"Nos últimos trinta anos, as escolas privadas cresceram em ritmo acelerado. Agora, para conquistar alunos e não sair no prejuízo, elas apostam em inovações curriculares constantes, exigindo cada vez mais dos docentes", acusa Faro. No cotidiano das escolas, os professores convivem com a idéia de que seu aluno é um cliente, e que, portanto, deve ter seus desejos realizados.

Além disso, as freqüentes avaliações criam um clima de disputa entre um professor e outro. "A instabilidade acaba criando um clima de concorrência e o professor passa a visualizar em seu colega de trabalho um possível concorrente".

Segundo o diretor, a falta de estabilidade no trabalho, aliada à ausência de um plano de carreira (a maioria dos professores da rede privada ganham por aula) cria uma situação propícia para que os professores sofram alterações psicológicas. O Sinpro não possui um levantamento sobre o assunto, mas os médicos do ambulatório do sindicato lidam cada vez mais com problemas como o estresse e a fadiga.


 

 
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