Aprendiz
de urbanista
O administrador
de empresas Guilherme Almeida Prado está convencido
de que a feiúra de São Paulo também é
um problema educacional -e de que beleza se aprende na escola.
Desde
pequeno, imagina ele, o paulistano convive com a poluição
visual e acaba acreditando que a cidade sempre será
desse jeito, irremediavelmente feia. "O paulistano não
é preocupado com a estética", opina.
Tentou
montar uma entidade que reunisse práticas inovadoras
de revitalização das cidades para repassá-las
às associações de bairro. Fracassou.
Não conseguiu dinheiro nem atraiu a atenção
das associações. Lembrou-se, então, de
que nunca estudou urbanismo na escola e decidiu partir agora
para uma nova tentativa com o intuito de melhorar o visual
da cidade.
Uniu-se
à artista plástica Beth Kok e lançou
um concurso intitulado A Cidade Ideal, a ser realizado durante
todo o próximo ano. A idéia é estimular
estudantes do ensino fundamental e médio a se tornarem
aprendizes de urbanista.
Cada escola
deverá escolher, nas suas redondezas, uma área
degradada. Auxiliados em sala de aula pelos professores, os
alunos devem apresentar um projeto de revitalização
daquele espaço degradado.
Educar
o olhar das crianças e adolescentes atraiu vários
parceiros. Para os professores ajudarem seus alunos, será
oferecido um material didático preparado com a ajuda
das secretarias Municipal e Estadual de Educação,
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente e da Unesco. Existe um critério
essencial para o projeto ser selecionado: simplicidade. "Não
adianta imaginar um projeto em que o governo tenha de investir
milhões.
Deve também
ser de fácil replicação", explica
o administrador de empresas.A novidade não é
apenas o estímulo escolar para o estudo das cidades,
entronizado na grade curricular, fazendo do estudante um misto
de urbanista com agente comunitário -a cidade aparece
assim como um eixo transversal para o estudo das matérias
tradicionais, tirando o aluno de sala de aula.
Novidade
mesmo é que os vencedores receberão dinheiro
para que façam a implantação do projeto,
coordenado por seus próprios autores.
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