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Dia 10.07.03

Prefeitura entra na moda

Encomendado pelo conde Matarazzo, o prédio em que será instalada a sede da prefeitura, no viaduto do Chá, foi projetado por Marcelo Piacentini, arquiteto favorito do ditador italiano Benito Mussolini. A imponência da obra refletia o apreço pela estética fascista, a prosperidade industrial paulistana e a riqueza dos Matarazzo - nunca uma mesma construção, no Brasil, exigiu tanta importação de mármore.

Entre a ascensão de Marta e o declínio dos Matarazzo, o fascismo foi derrotado, a prosperidade industrial acabou e o centro da cidade se degradou. Mas sobrou, intacto, o prédio, agora um desafio para Isay Wienfeld, um dos mais aplaudidos arquitetos brasileiros.

Isay foi convidado a adaptar o prédio, sede do Banespa, para receber a prefeitura. "O desafio é mesclar com aquele ambiente imperial uma estética democrática." A idéia é usar os grandes salões de entrada quase como extensão da calçada, transmitindo a sensação de proximidade entre o poder e a população.

Se aquele prédio era um dos símbolos da riqueza industrial, o que se busca agora é exibi-lo como ícone arquitetônico da revitalização do centro - para transformá-lo em moda - e, mais, nos sonhos de Marta, como marca de uma São Paulo fashion. "A riqueza de São Paulo é sua diversidade - é nisso que está nossa energia e nossa criatividade. E nenhum lugar reúne tantas tribos diferentes como o centro", afirma Isay.

Para ele, o trabalho é um desafio especial por ser sua primeira obra pública. Desenhou boates, bares, bancos, hotéis, casas; projetou as duas últimas edições da São Paulo Fashion Week. A coleção de prêmios fez com que ganhasse, neste ano, perfil do "New York Times", no qual foi apresentado como alguém que, a exemplo de Oscar Niemeyer, consegue dar estética brasileira à arquitetura contemporânea.

Se a primeira experiência pública de Isay vai ser bem-sucedida ainda não se sabe. Mas já está servindo para uma coisa ao menos. Ele voltou a frequentar o centro, onde, na adolescência, se lambuzava nos sanduíches de linguiça do Saladas (hoje, sintomaticamente, substituído por um McDonald's). Longe do refinamento dos Jardins, onde erigiu a maioria dos projetos, redescobriu o prazer do sanduíche de pernil do Estadão, no viaduto Nove de Julho, ou do pastel de bacalhau do Mercado Municipal. Afinal, a melhor arquitetura paulistana ainda é a culinária.

 

 
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