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22/08/2006 - 16h24

Funcionários vão negociar com Volks, mas rejeitam demissões

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KAREN CAMACHO
da Folha Online

Os funcionários da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) aprovaram hoje, em assembléia, a realização de negociações com a direção da empresa até sexta-feira, mas rejeitaram a possibilidade de concordar com demissões.

A assembléia, realizada na própria fábrica, não foi conclusiva, já que os trabalhadores não aceitaram nenhuma das duas alternativas oferecidas pela empresa: o fechamento de um acordo que prevê milhares de demissões e redução de direitos trabalhistas ou então o fechamento da fábrica de São Bernardo, a primeira e maior das cinco unidades da Volks no Brasil.

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, se não houver um acordo com a Volks até sexta-feira, os sindicalistas começarão no sábado a definir um calendário de 'lutas' que pode incluir greves e manifestações.

Feijóo também avisou hoje aos trabalhadores que a empresa planeja divulgar uma lista de 1.300 funcionários que seriam demitidos já em novembro, quando termina o acordo de estabilidade de emprego na fábrica.

A Volks informou que se não houver acordo até sexta-feira, poderá fechar a fábrica de São Bernardo e demitir 6.100 funcionários no ABC. A empresa justifica a medida com a perda da competitividade das exportações devido à desvalorização do dólar.

A empresa afirmou hoje que não vai se manifestar sobre a assembléia e ataques dos sindicalistas.

Se fecharem o acordo, até 3.600 trabalhadores terão que aderir a um plano de demissão voluntária. Cada um deles receberá 0,4 salário por cada ano trabalhado na empresa, valor considerado baixo pelo sindicato.

Entre outras desvantagens, de acordo com a proposta inicial da empresa, os trabalhadores que permanecerem na Volks terão que aceitar mudanças no banco de horas. A empresa não pagaria nada àqueles que fizessem até 200 horas extras em um ano e só pagaria hora cheia para os que trabalhassem mais de 400 horas acima da jornada.

Funcionários que cometerem erros na produção terão que trabalhar até oito horas gratuitas por semana para compensar a empresa. Além disso, o desconto no salário para pagamento do plano de saúde subiria de 1% para 3% da renda mensal.

Já os novos contratados teriam redução média de salário de 35% em relação aos vencimentos pagos hoje. Os planos de carreira também se tornariam menos favoráveis aos trabalhadores, que demorariam mais tempo para receber vencimentos correspondentes ao ápice da carreira.

Para Feijóo, a Volks 'se aproveita da conjuntura eleitoral (...) tentando forçar uma situação de chantagem sobre os trabalhadores para forçar os governos, seja estadual, municipal ou federal, a fazer concessões que talvez não fizessem em outra situação".

O sindicalista também afirmou que a empresa tenta colocar a culpa nos trabalhadores por seus próprios "erros administrativos", como a fabricação de modelos da Audi no Brasil e a grande expectativa em relação à exportação do Fox e às vendas do Polo, que nunca se concretizaram.

Para evitar as demissões e manter a fábrica Anchieta em operação, o sindicato aposta nas vendas internas e acredita que o crescimento do mercado doméstico previsto para este ano, de 7,1% , pode compensar eventuais perdas nas exportações.

"Há um processo de crescimento e há trabalho e ocupação para três fábricas da Volkswagen, que está sempre disputando entre o primeiro e o terceiro lugar no mercado. Ela não é uma fabrica qualquer", disse.

Taubaté

A unidade da Volkswagem em Taubaté (SP) finalizou, no dia 1º de agosto, a primeira etapa da reestruturação e cortou 160 funcionários. Outros 140 serão demitidos até dezembro e mais 400 nos próximos dois anos.

Os cortes foram feitos após acordo com o sindicato, que recebeu a promessa da empresa de investir na planta do Vale do Paraíba, que produz Gol e Parati.

O sindicato negociou, ainda, que a empresa não vai reduzir os salários dos novos funcionários em 35%, como havia proposto, e não vai implementar o programa de retrabalho, que faria os funcionários responsáveis por erros trabalharem até duas horas diárias sem remuneração.

Outro ponto do acordo trata da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). Pela proposta da Volks, o valor anual seria reduzido para metade do atual, de quase R$ 5.000. O acordo prevê que, neste ano, a participação será de R$ 4.900 e, em 2007 e 2008, os valores ficam entre R$ 5.300 e R$ 6.000

O acordo também prevê que os salários dos metalúrgicos, que atualmente chegam ao teto em 48 meses, passarão pelo mesmo processo em 108 meses. O plano médico, que hoje desconta 1% do salário, passará a descontar 2%, e não 3% como a empresa queria.

O acordo de Taubaté, segundo Feijóo, 'não vale para a fábrica da Anchieta e não será aceito como exemplo'.

A Volks confirmou que fará uma reunião com sindicalistas nesta quarta-feira, às 10h30, na unidade Anchieta.

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