Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
23/05/2005 - 12h09

Calendário Histórico - 1543: Morre Copérnico, o filósofo do firmamento

da Deutsche Welle, na Alemanha

A 24 de maio de 1543, morreu o astrônomo Nicolau Copérnico. No mesmo ano, foi publicado o primeiro dos seis volumes de sua obra "Das Revoluções dos Corpos Celestes", contendo as bases científicas da astronomia moderna.

A morte de Nicolau Copérnico abalou o mundo. Até 24 de maio de 1543, predominou a teoria do geocentrismo, segundo a qual a Terra era o centro do universo. Esta visão de mundo baseava-se na obra Almagesto (A Maior Composição Matemática), escrita no século II a.C. pelo grego Ptolomeu e que foi aceita como uma verdade por mais de um milênio. Ptolomeu previu com precisão razoável a posição dos planetas visíveis a olho nu, mas errou ao considerar que a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno giravam ao redor de uma Terra estacionária. Seu modelo de cosmo correspondia à teoria de Aristóteles, de que o movimento dos corpos era circular e uniforme uma explicação plenamente compatível com os ensinamentos da Bíblia. Os gregos foram também os primeiros a afirmar que a Terra é esférica, realiza um movimento de rotação em torno do Sol e que a Lua apenas reflete a luz solar. Organizaram vários catálogos de estrelas e afirmaram o heliocentrismo, 15 séculos antes de Copérnico. Aristarco de Samos (310-230 a.C.) desenvolveu o primeiro modelo heliocêntrico do Universo, retomado mais tarde pelo astrônomo polonês. Nascido em Torum, em 1473, Nicolau Copérnico ingressou na Universidade de Cracóvia em 1491, para cursar Medicina, mas estudou também Filosofia, Matemática e Astronomia. Foi para a Itália, em 1497, para aprender grego clássico e Direito Canônico em Bolonha. Voltou à Polônia em 1501 e ordenou-se padre, ocupando por um breve período o cargo de cônego da Catedral de Frauenburg. Retornou logo à Itália, onde freqüentou as universidades de Pádua e Ferrara. Depois de aprofundar suas observações astronômicas em Bolonha, voltou em 1506 a Frauenburg, onde construiu um pequeno observatório e começou a estudar o movimento dos corpos celestes. Em 1514, presenteou os amigos mais próximos com o primeiro esboço de seu modelo de cosmológico, escrito já em 1507. Inicialmente, suas idéias não tiveram nenhuma repercussão. Trabalhou incansavelmente até a morte para comprovar sua tese de maneira irrefutável. Demorou quase quatro décadas para divulgá-la por temer a reação da Igreja Católica. "Sol é o centro do universo"Exatamente em 1543 foi publicado o primeiro dos seis volumes de sua obra Das Revoluções dos Corpos Celestes, que estabeleceu as bases científicas da astronomia moderna. "Todos os planetas inclusive a Terra giram em torno do sol, que é o centro do universo", concluiu. Para Copérnico, a revolução diária do firmamento devia-se ao giro da Terra sobre seu próprio eixo, enquanto o movimento anual resultava do fato de a Terra e os planetas circularem ao redor do Sol. Como Aristóteles, ele também partia do princípio de que as órbitas planetárias eram esféricas. Seus críticos, porém, não aceitavam a refutação da interpretação bíblica do universo e a explicação da rotação terrestre. A Igreja Católica incluiu Das Revoluções dos Corpos Celestes no Índex a lista dos livros proibidos por heresia. O temor de Copérnico diante da censura eclesiástica não tinha sido infundado: o dogmatismo da igreja era tão forte, que questionar a perfeição divina era uma temeridade. Quem defendesse as idéias de Copérnico pecava por imprudência. A Igreja Católica e o geocentrismo dominavam o pensamento na Idade Média. As grandes descobertas, porém, começavam a mudar essa visão de mundo. A viagem de circunavegação do globo, capitaneada por Fernão de Magalhães entre 1519 e 1522, comprovara a teoria da esfericidade da Terra, já aceita por muitos matemáticos e astrônomos. Galileo Galilei (1564-1642) foi o primeiro a comprovar o sistema heliocêntrico de Copérnico. Mas, em 1633, sob ameaça de excomunhão e morte pela Santa Inquisição, teve de negar formalmente as suas descobertas. Quase 150 anos após a morte de Copérnico, Isaac Newton (1642-1727) desenvolveu uma base física para a gravitação dos planetas ao redor do sol. Foi a comprovação definitiva do heliocentrismo. Apesar de ser irrefutável, a idéia de Copérnico só seria aceita pelo Vaticano em 1835. O Papa Gregório XVI admitiu o erro dos seus antecessores. Quase 300 anos após sua publicação, a obra Das Revoluções dos Corpos Celestes foi retirada da lista dos livros censurados pela Santa Sé. A esta altura, Copérnico não só havia revolucionado a astronomia, como também a idéia que o homem da sua época fazia de si mesmo: um ser feito à imagem e semelhança de Deus e, portanto, centro do universo.

Continua...
 

Sobre a Folha | Expediente | Fale Conosco | Mapa do Site | Ombudsman | Erramos | Atendimento ao Assinante
ClubeFolha | PubliFolha | Banco de Dados | Datafolha | FolhaPress | Treinamento | Folha Memória | Trabalhe na Folha | Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade