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29/08/2002
-
11h13
da Folha de S.Paulo
Se você está vivo (e deve estar, porque está lendo este texto), agradeça ao pH do seu sangue! Isso mesmo! No caso do ser humano, o pH do sangue deve ficar entre 7,35 e 7,45. Uma alteração de apenas 0,4 unidade pode ser fatal! Assim, os médicos devem ter na manga uma solução rápida que corrija possíveis variações de pH. E aí, mais uma vez, a química entra em campo.
No sangue, há o seguinte equilíbrio químico : CO2 + H2OH+ + HCO3-. Quando alguém, numa crise de ansiedade ou de histeria, respira de modo ofegante, os pulmões perdem muito CO2. O equilíbrio, então, é deslocado para a esquerda, consumindo os íons H+. Isso pode fazer com que o pH suba a aproximadamente 7,7 em poucos minutos (alcalemia sangüínea). Nesses casos, os médicos podem até dar um calmante para que a respiração volte ao normal. Mas, quando nem isso funciona, é necessária uma intervenção radical: injetar uma solução ácida no sangue do paciente.
Mas que ácido seria esse? Sulfúrico? De jeito nenhum, pois poderia matar. O que se usa é uma solução salina de cloreto de amônio (NH4Cl). Mas como um sal pode gerar acidez?
Na água pura, além das moléculas de H2O, existem os íons H+ (responsáveis pela acidez) e OH- (responsáveis pela alcalinidade) na mesma concentração. Ao dissolvermos o NH4Cl em água, o íon NH4+, por ser derivado de uma base fraca (NH4OH), "captura" os íons OH-. Assim, acaba havendo uma sobra de H+ na solução, que se torna ácida.
E veja que coincidência: é também por causa desse mesmo sal, o NH4Cl, que as pilhas comuns duram menos que as alcalinas! Em ambas, o zinco metálico é o pólo negativo, isto é, o fornecedor dos elétrons que geram a corrente elétrica. Só que o zinco é atacado por soluções ácidas e, na pilha comum, há uma pasta com... NH4Cl! O meio ácido gerado por ele corrói o zinco e faz a pilha render menos. Nas alcalinas, o NH4Cl é substituído por uma solução alcalina (daí o nome) de hidróxido de potássio (KOH). O zinco fica livre do ataque ácido e a pilha dura bem mais!
Mas vamos voltar ao tema inicial: pH do sangue. Quando a respiração é deficiente -em casos de pneumonia ou de asma, por exemplo, o sangue fica mais ácido (acidemia). Nesse caso, a solução ministrada ao paciente é a de carbonato de sódio (Na2CO3). Agora é o íon CO32-, derivado do ácido fraco H2CO3, que "captura" os H+, produzindo uma solução alcalina que combate a acidez.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. Email: lula5@ig.com.br
Leia mais:
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História: "Liberdade, ainda que tarde..."
Matemática: A mídia e os erros
Química: Quando o próprio sangue pode matar
LUÍS FERNANDO PEREIRAda Folha de S.Paulo
Se você está vivo (e deve estar, porque está lendo este texto), agradeça ao pH do seu sangue! Isso mesmo! No caso do ser humano, o pH do sangue deve ficar entre 7,35 e 7,45. Uma alteração de apenas 0,4 unidade pode ser fatal! Assim, os médicos devem ter na manga uma solução rápida que corrija possíveis variações de pH. E aí, mais uma vez, a química entra em campo.
No sangue, há o seguinte equilíbrio químico : CO2 + H2OH+ + HCO3-. Quando alguém, numa crise de ansiedade ou de histeria, respira de modo ofegante, os pulmões perdem muito CO2. O equilíbrio, então, é deslocado para a esquerda, consumindo os íons H+. Isso pode fazer com que o pH suba a aproximadamente 7,7 em poucos minutos (alcalemia sangüínea). Nesses casos, os médicos podem até dar um calmante para que a respiração volte ao normal. Mas, quando nem isso funciona, é necessária uma intervenção radical: injetar uma solução ácida no sangue do paciente.
Mas que ácido seria esse? Sulfúrico? De jeito nenhum, pois poderia matar. O que se usa é uma solução salina de cloreto de amônio (NH4Cl). Mas como um sal pode gerar acidez?
Na água pura, além das moléculas de H2O, existem os íons H+ (responsáveis pela acidez) e OH- (responsáveis pela alcalinidade) na mesma concentração. Ao dissolvermos o NH4Cl em água, o íon NH4+, por ser derivado de uma base fraca (NH4OH), "captura" os íons OH-. Assim, acaba havendo uma sobra de H+ na solução, que se torna ácida.
E veja que coincidência: é também por causa desse mesmo sal, o NH4Cl, que as pilhas comuns duram menos que as alcalinas! Em ambas, o zinco metálico é o pólo negativo, isto é, o fornecedor dos elétrons que geram a corrente elétrica. Só que o zinco é atacado por soluções ácidas e, na pilha comum, há uma pasta com... NH4Cl! O meio ácido gerado por ele corrói o zinco e faz a pilha render menos. Nas alcalinas, o NH4Cl é substituído por uma solução alcalina (daí o nome) de hidróxido de potássio (KOH). O zinco fica livre do ataque ácido e a pilha dura bem mais!
Mas vamos voltar ao tema inicial: pH do sangue. Quando a respiração é deficiente -em casos de pneumonia ou de asma, por exemplo, o sangue fica mais ácido (acidemia). Nesse caso, a solução ministrada ao paciente é a de carbonato de sódio (Na2CO3). Agora é o íon CO32-, derivado do ácido fraco H2CO3, que "captura" os H+, produzindo uma solução alcalina que combate a acidez.
Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna. Email: lula5@ig.com.br
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