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Fertilização depois dos 40 precisa de "empurrãozinho"

ADRIANA RESENDE
da Folha Online

Desde os anos 60 e 70, com o início da revolução sexual, as mulheres vêm buscando seu espaço, exigindo os mesmos direitos sociais e profissionais dos homens. Em consequência disso, a antiga "amélia", que vivia para cuidar da casa e dos filhos, agora investe na carreira e deixa para ter filhos mais tarde, depois dos 35 e até dos 40 anos. Mas a fertilização nessa faixa etária já não é tão simples e, em geral, as mães têm que passar por tratamentos para conseguir engravidar.

Diversas são as causas que levam à infertilidade depois dos 40 anos. Uma das mais comuns é a obstrução nas trompas, que pode ocorrer por processos infecciosos ou inflamatórios na região genital. A endometriose provoca anomalias no tecido do útero, que fica implantado sobre outros órgãos, como os ovários ou órgãos pélvicos. A infertilidade também pode acontecer por problemas no colo do útero ou anomalias sem causa aparente.

Nos processos de infertilidade, a mulher pode não produzir óvulos ou produzi-Los de má qualidade, incapazes de ser fecundados. Mas há também os problemas masculinos: baixa quantidade ou pouca mobilidade dos espermatozóides, formato inadequado, obstrução dos testículos, dificuldade de ejaculação ou impotência. Em média, a probabilidade de ser infértil é a mesma entre homens e mulheres, 40%. Nos outros 20%, os dois parceiros têm problemas simultaneamente. De modo geral, cerca de 10% da população mundial sofre de infertilidade. Depois dos 40 anos, esse problema envolve de 25% a 35% das mulheres.

Tratamentos

Se uma mulher tenta engravidar e não consegue, procura um tratamento. O primeiro passo do médico é orientar o casal quanto ao momento adequado para a relação sexual, que tem de acontecer no dia e na hora exata em que a mulher está mais fértil.

O problema pode ser um déficit na quantidade de hormônios, estrógeno ou progesterona, que provoca alterações nos ovários. Insuficiências em glândulas essenciais, como a hipófise (no cérebro), as supra-renais ou a tireóide também podem ser responsáveis pela diminuição da fertilidade da mulher. Se ela consegue engravidar, precisa passar por um acompanhamento para garantir a fixação do ovo (óvulo fecundado) no útero e a boa evolução do período gestacional.

Pode ser aplicada uma vacina à base dos glóbulos brancos do parceiro ou de plasma sanguíneo originado de doação de sangue. Essa concentração de anticorpos pode fazer com que o sistema imunológico da mulher se adapte à gravidez. A falta de adaptação ocorre porque, para o útero, o feto é um corpo estranho.

Se, porém, nada disso resolver o problema, é porque o corpo da mulher vai precisar de um "empurrãozinho", conhecido como reprodução ou concepção assistida. As técnicas variam conforme a causa da infertilidade.

Podem ser usadas a indução da ovulação (com medicamentos para a fertilidade), a fertilização "in vitro" (FIV), a transferência intratubária de gametas (Gift), a inseminação artificial por doador (AID ou ID), a indução da ovulação, a inseminação intra-uterina com ou sem superovulação (IUI), a doação de óvulos e a injeção intracitoplasmática de espermatozóides (Icsi), essas duas últimas com fertilização "in vitro".

Os nomes gigantescos, na verdade, correspondem a técnicas que utilizam óvulos e espermatozóides do próprio casal, na indução da ovulação, na inseminação artificial intra-uterina, na injeção intracitoplasmática de espermatozóides, e na chamada "barriga de aluguel", em que uma outra mulher empresta o útero para gerar o filho do casal.

Mas há também a doação de óvulos ou ovodoação, em que o espermatozóide se junta a um óvulo de uma outra mulher, já que a paciente não produz óvulos em boa quantidade ou qualidade.

Há indicações diferentes para cada tipo de tratamento.

Inseminação artificial - A inseminação artificial intra-uterina está indicada em mulheres com dificuldades de ovular, com alterações do muco do colo do útero que impeçam o encontro do espermatozóide com o óvulo, e em pacientes cujos maridos tenham distúrbios moderados na produção de espermatozóides, que podem estar presentes em baixa quantidade ou se moverem pouco e, por isso, dificilmente completarem a fecundação do óvulo.

Fertilização "in vitro" - A fertilização in vitro é indicada para mulheres com problemas nas trompas, como sequelas de infecção ou de endometriose, e para pacientes que foram submetidas à laqueadura (ligadura de trompas) e querem engravidar novamente. Se seus maridos tiverem boa produção espermática pode ser feita a fertilização "in vitro" espontânea, onde o óvulo é exposto aos espermatozóides, e a fertilização acontece no laboratório – o bebê de proveta - mas sem qualquer outro procedimento.

Icsi - Quando a infertilidade é apenas do homem, utiliza-se a injeção intracitoplasmática de espermatozóides (Icsi) onde apenas um espermatozóide é necessário para produzir a fertilização de um óvulo. A técnica exige equipamento específico para fixar o óvulo, aspirar um espermatozóide e injetá-lo dentro do óvulo a ser fertilizado.

Ovodoação - A doação de óvulos só é permitida por lei se a doadora for anônima. Os médicos, em geral, fazem testes biológicos, para evitar que a doadora forneça óvulos contaminados por vírus como o HIV e o da hepatite, por exemplo, ou por outras doenças. É comum que a doadora tenha entre 25 e 35 anos, mas não há exigência explícita. A idade mínima é determinada para que mulheres muito jovens não sejam expostas, e a máxima se deve à possibilidade de que essa mulher tenha as mesmas dificuldades para engravidar.

Barriga de aluguel - A "barriga de aluguel" é feita entre parentes de até segundo grau, irmãs ou primas, para que não haja incompatibilidade sanguínea. Mas no Brasil nem a doadora nem a que empresta o útero podem receber pagamento, ao contrário de outros países. Nos EUA, aceita-se a ovodoação com recompensa financeira, ou seja, a doadora recebe pagamento em dinheiro pelo ato de doar e, logicamente, existe uma maior disponibilidade de doadoras. A legislação brasileira prevê que a mãe seja responsável pelo tratamento da outra mulher, mas não diretamente.

A fertilização assistida aumenta as chances de nascerem gêmeos, porque mais de um óvulo é utilizado no processo. Se na população em geral essa probabilidade é um caso em oitenta nascimentos, com a inseminação artificial passa a ser de um em cada sete casos. Na fertilização "in vitro", a chance é ainda maior: um para cada quatro bebês. Mas chance de nascerem mais de dois bebês não aumenta: é de 0,5%, assim como na população em geral.

Fontes utilizadas nessa reportagem: Paulo Eduardo Olmos, chefe do Serviço de Reprodução Humana do Hospital Brigadeiro, de São Paulo; Ricardo Barini, professor da Unicamp e membro do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), Cyro Guimarães Jr., endocrinologista clínico (tel.: 0/xx/11/887-0320); Soubhi Kahhale, professor associado e livre-docente da Faculdade de Medicina da USP, Eduardo Leme Alves da Motta, ginecologista; sites: Fertility - Centro de Reprodução Assistida, Huntington-Centro de Medicina Reprodutiva

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