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01/09/2005
-
13h01
FLÁVIA MANTOVANI
da Folha de S.Paulo
No longo caminho percorrido entre seu uso na terapia tradicional chinesa e sua incorporação pela medicina ocidental, a acupuntura foi posta à prova diversas vezes. Muitas agulhadas e pesquisas científicas depois, hoje pouca gente ainda duvida de seus benefícios para tratar e curar doenças e sintomas diversos.
Uma década após seu reconhecimento como especialidade médica no Brasil (primeiro país, depois da China, a dar-lhe esse crédito), o que preocupa muitos acupunturistas não é mais provar que a técnica funciona, mas desmistificar a aura de procedimento "natural", "não-invasivo" e "inofensivo" que a recobre.
Com o aumento da demanda e do número de profissionais que oferecem o serviço, eles alertam para as complicações que a prática, quando malfeita, pode causar. "A idéia de que a acupuntura não traz riscos é um mito. Ela não deixa de ser um procedimento invasivo, em que se insere uma agulha no corpo em locais onde há terminações nervosas, vasos sangüíneos e órgãos", afirma Jerusa Alecrim, médica responsável pelo Ambulatório de Acupuntura Aplicada ao Tratamento das Cefaléias, do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Isso não significa, esclarecem os especialistas, que as pessoas devam abrir mão dos benefícios que o método terapêutico comprovadamente traz. A questão é ficar atento na hora de se submeter ao procedimento para poder usufruir de suas vantagens sem sofrer efeitos indesejáveis. "A acupuntura pode ser uma terapia segura, desde que executada por profissionais qualificados que tenham boa formação não só na aplicação das agulhas mas em questões prévias, como o diagnóstico segundo os parâmetros da medicina ocidental e o conhecimento da anatomia humana", diz Alecrim.
A gravidade dos efeitos adversos da acupuntura varia. Apesar de raros, os mais sérios podem levar à morte ou deixar seqüelas. O executivo Ricardo França de Araujo, 29, por exemplo, perdeu 30% da capacidade de um dos pulmões porque teve o órgão perfurado em uma sessão de acupuntura. O acidente lhe rendeu um pneumotórax (acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a membrana que reveste internamente a parede do tórax).
Ricardo optou pela técnica para aliviar uma dor crônica nas costas. Após passar 40 minutos com seis agulhas no corpo, voltou para casa aliviado. Algumas horas depois, no entanto, uma repentina e aguda dor no peito o fez ligar para um amigo médico, que o aconselhou a procurar um hospital com urgência.
Do outro lado da linha, estava o clínico-geral Euclides Cavalcanti, do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "É preciso ter uma noção de anatomia para não perfurar o pulmão. Foi um erro de técnica. Mas é preciso ficar bem claro que isso que aconteceu é muito raro. A acupuntura é uma técnica muito segura", afirma o médico.
Depois de uma radiografia do pulmão, a perfuração foi confirmada e Ricardo teve que fazer um drenagem do ar que havia escapado e ficou internado por cinco dias.
Colaborou Marcos Dávila
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No longo caminho percorrido entre seu uso na terapia tradicional chinesa e sua incorporação pela medicina ocidental, a acupuntura foi posta à prova diversas vezes. Muitas agulhadas e pesquisas científicas depois, hoje pouca gente ainda duvida de seus benefícios para tratar e curar doenças e sintomas diversos.
Uma década após seu reconhecimento como especialidade médica no Brasil (primeiro país, depois da China, a dar-lhe esse crédito), o que preocupa muitos acupunturistas não é mais provar que a técnica funciona, mas desmistificar a aura de procedimento "natural", "não-invasivo" e "inofensivo" que a recobre.
Com o aumento da demanda e do número de profissionais que oferecem o serviço, eles alertam para as complicações que a prática, quando malfeita, pode causar. "A idéia de que a acupuntura não traz riscos é um mito. Ela não deixa de ser um procedimento invasivo, em que se insere uma agulha no corpo em locais onde há terminações nervosas, vasos sangüíneos e órgãos", afirma Jerusa Alecrim, médica responsável pelo Ambulatório de Acupuntura Aplicada ao Tratamento das Cefaléias, do Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Isso não significa, esclarecem os especialistas, que as pessoas devam abrir mão dos benefícios que o método terapêutico comprovadamente traz. A questão é ficar atento na hora de se submeter ao procedimento para poder usufruir de suas vantagens sem sofrer efeitos indesejáveis. "A acupuntura pode ser uma terapia segura, desde que executada por profissionais qualificados que tenham boa formação não só na aplicação das agulhas mas em questões prévias, como o diagnóstico segundo os parâmetros da medicina ocidental e o conhecimento da anatomia humana", diz Alecrim.
A gravidade dos efeitos adversos da acupuntura varia. Apesar de raros, os mais sérios podem levar à morte ou deixar seqüelas. O executivo Ricardo França de Araujo, 29, por exemplo, perdeu 30% da capacidade de um dos pulmões porque teve o órgão perfurado em uma sessão de acupuntura. O acidente lhe rendeu um pneumotórax (acúmulo anormal de ar entre o pulmão e a membrana que reveste internamente a parede do tórax).
Ricardo optou pela técnica para aliviar uma dor crônica nas costas. Após passar 40 minutos com seis agulhas no corpo, voltou para casa aliviado. Algumas horas depois, no entanto, uma repentina e aguda dor no peito o fez ligar para um amigo médico, que o aconselhou a procurar um hospital com urgência.
Do outro lado da linha, estava o clínico-geral Euclides Cavalcanti, do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). "É preciso ter uma noção de anatomia para não perfurar o pulmão. Foi um erro de técnica. Mas é preciso ficar bem claro que isso que aconteceu é muito raro. A acupuntura é uma técnica muito segura", afirma o médico.
Depois de uma radiografia do pulmão, a perfuração foi confirmada e Ricardo teve que fazer um drenagem do ar que havia escapado e ficou internado por cinco dias.
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