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19/09/2003 - 03h31

Fagner e Zeca Baleiro promovem encontro de gerações

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Nasce como um encontro de contrastes o disco em dupla do cearense Raimundo Fagner, 53, e do maranhense Zeca Baleiro, 37.

Os dois são de gerações diversas, vêm de Estados nordestinos próximos-distantes e cumpriram rotas migratórias divergentes (Fagner, hoje fixado em Fortaleza, viveu muito tempo no Rio; Zeca mora em São Paulo) em busca da música popular de sucesso.

Sabem que o ato de união num disco de músicas inéditas feitas em parceria pelos dois (e com vários outros co-autores) tem pesos próprios para cada um deles.

Fagner reconhece que andava em certo marasmo ao justificar por que um artista do alto de 30 anos de carreira em disco concedeu o raro privilégio da parceria a um discípulo mais jovem.

"Estive em todas as gravadoras, fui prejudicado por várias. Isso às vezes cansa e desestimula. Estava um marasmo para mim, e Zeca entrou nesse espaço da renovação de parceiros", explica Fagner, que no entanto conserva no disco a presença constante do parceiro cearense Fausto Nilo, 59. "Somos uma dupla de três", brinca.

Zeca, por sua vez, diz ter consciência do risco de se ligar a uma referência musical sua que partiu do intenso experimentalismo de início de carreira a uma adesão ferrenha à popularidade dita "brega" dos anos 80 em diante.

"Talvez fosse mais cômodo fazer uma parceria com um artista mais unânime, e não com Fagner, que num dado momento optou deliberadamente por uma faceta romântica. Mas tenho natureza provocadora, acho que isso também nos aproximou", diz Baleiro.

Segundo eles, tudo isso os separa de outro encontro recente (e bem-sucedido), dos Tribalistas Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

"Quando esses encontros acontecem, em geral são entre pessoas da mesma turma, da mesma geração, da mesma prateleira. É louvável o encontro dos Tribalistas, mas é diferente", afirma Zeca.

Não querem afirmar com isso que não haja maiores afinidades entre eles --ao contrário. "O nosso universo em comum é o Nordeste", resume Fagner. "Ele é filho de libaneses, eu sou neto de sírios", acrescenta Zeca.

"Dizem que dois bicudos não se afinam, mas discordo. Só se afina com dois bicudos", provoca Fagner. Zeca demonstra concordar-discordar: "Os sete shows que fizemos juntos foram uma grande experiência para que este disco existisse. Se tivéssemos discutido ali estava tudo sepultado".

E Fagner se lembra de ponto que julga crucial na consumação do acordo: "Nos une a preocupação poética e melódica, que sempre tive e peguei dele agora".

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