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23/04/2004
-
06h55
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo
Há duas maneiras de assistir a um filme que Quentin Tarantino tenha dirigido ou participado. A maneira do fã, conquistado já em "Cães de Aluguel", em 1992, que é o caso deste repórter, e a maneira do espectador desavisado, que vai em busca da diversão fácil e relativamente barata do cinema. Para aqueles, "Kill Bill - Volume 1" será uma obra-prima, comparável ao mesmo "Cães", superior a "Jackie Brown" e pouco abaixo do talvez inalcançável "Pulp Fiction".
Para os outros, os 111 minutos podem ser cansativos e talvez a trama toda só faça sentido com a estréia do "Volume 2".
"Kill Bill" junta a ética dos westerns (especialmente os de John Ford e Sergio Leone) à estética dos filmes de artes marciais de Hong Kong (principalmente os dos irmãos Shaw) e de samurai japoneses (a série B). Tudo ao molho pardo, pois foram usados 1.600 litros de sangue falso.
A história interessa menos do que a maneira como ela é contada. Aqui, "Kill Bill" perde na comparação com seus antecessores por ser um filme de uma tema só: vingança. Esqueça o caleidoscópio de narrativas entrecruzadas de "Pulp Fiction", por exemplo.
A história: A Noiva (Uma Thurman) é traída no dia em que vai se casar, grávida, por seus antigos parceiros de crime, o Esquadrão Assassino Víbora Mortal, comandados por Bill (David Carradine), que executam todos e a deixam em coma. Despertada meses depois pela picada de um inseto, ela começa a se vingar, primeiro de O-Ren Ishii (Lucy Liu) e Vernita Green (Vivica A. Fox).
A maneira de contar: com muito mais sangue do que o tolerável e mais referências por quadro do que existe papel para contar (mas uma das diversões do universo tarantiano é justamente esta: visto o filme, começar o garimpo pela rede em busca das ligações, homenagens e paródias contidas naquela sucessão de imagens).
Da lista a destacar, a primeira é o amor platônico do diretor por Uma Thurman, especialmente por seus pés: a cena em que ela tenta reanimar seus membros inferiores após o coma mostra um close tão grande no tamanho 40 de Thurman que lembra "O Lavrador de Café", de Portinari.
A segunda é o anime (animação japonesa) que explica a origem de O-Ren, concebido por Tarantino e executado pela Production I.G. É o desenho se igualando ao melhor Kurosawa.
Avaliação:
Kill Bill - Volume 1 (Kill Bill - Vol. 1)
Direção: Quentin Tarantino
Produção: EUA, 2003
Com: Uma Thurman, Lucy Liu
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Butantã, Jardim Sul e circuito
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Tarantino rega "Kill Bill" com sangue e referências
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da Folha de S.Paulo
Há duas maneiras de assistir a um filme que Quentin Tarantino tenha dirigido ou participado. A maneira do fã, conquistado já em "Cães de Aluguel", em 1992, que é o caso deste repórter, e a maneira do espectador desavisado, que vai em busca da diversão fácil e relativamente barata do cinema. Para aqueles, "Kill Bill - Volume 1" será uma obra-prima, comparável ao mesmo "Cães", superior a "Jackie Brown" e pouco abaixo do talvez inalcançável "Pulp Fiction".
Para os outros, os 111 minutos podem ser cansativos e talvez a trama toda só faça sentido com a estréia do "Volume 2".
"Kill Bill" junta a ética dos westerns (especialmente os de John Ford e Sergio Leone) à estética dos filmes de artes marciais de Hong Kong (principalmente os dos irmãos Shaw) e de samurai japoneses (a série B). Tudo ao molho pardo, pois foram usados 1.600 litros de sangue falso.
A história interessa menos do que a maneira como ela é contada. Aqui, "Kill Bill" perde na comparação com seus antecessores por ser um filme de uma tema só: vingança. Esqueça o caleidoscópio de narrativas entrecruzadas de "Pulp Fiction", por exemplo.
A história: A Noiva (Uma Thurman) é traída no dia em que vai se casar, grávida, por seus antigos parceiros de crime, o Esquadrão Assassino Víbora Mortal, comandados por Bill (David Carradine), que executam todos e a deixam em coma. Despertada meses depois pela picada de um inseto, ela começa a se vingar, primeiro de O-Ren Ishii (Lucy Liu) e Vernita Green (Vivica A. Fox).
A maneira de contar: com muito mais sangue do que o tolerável e mais referências por quadro do que existe papel para contar (mas uma das diversões do universo tarantiano é justamente esta: visto o filme, começar o garimpo pela rede em busca das ligações, homenagens e paródias contidas naquela sucessão de imagens).
Da lista a destacar, a primeira é o amor platônico do diretor por Uma Thurman, especialmente por seus pés: a cena em que ela tenta reanimar seus membros inferiores após o coma mostra um close tão grande no tamanho 40 de Thurman que lembra "O Lavrador de Café", de Portinari.
A segunda é o anime (animação japonesa) que explica a origem de O-Ren, concebido por Tarantino e executado pela Production I.G. É o desenho se igualando ao melhor Kurosawa.
Avaliação:
Kill Bill - Volume 1 (Kill Bill - Vol. 1)
Direção: Quentin Tarantino
Produção: EUA, 2003
Com: Uma Thurman, Lucy Liu
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Butantã, Jardim Sul e circuito
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