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30/01/2007 - 10h41

China reprime "noivas fantasmas"

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da Folha de S.Paulo

O jornal chinês "Legal Daily", especializado em assuntos penais e legais, informa que três cidadãos foram presos por matar e comercializar "noivas fantasmas". Eram mulheres solteiras, compradas vivas com a promessa de casamento, mas que foram em seguida assassinadas para serem enterradas ao lado de homens adolescentes e solteiros, para assim acompanhá-los na vida eterna.

O costume de providenciar noivas, mesmo já mortas, para homens defuntos é reprimido pela legislação chinesa, mas bastante comum em aldeias isoladas da Província de Shaanxi, ao norte da China. Outros países asiáticos, como a Malásia, também têm por hábito sepultar casais que não se conheceram em vida, para que o homem não se sinta na outra vida desprestigiado pela ausência de uma mulher ao seu lado.

O casamento após a morte é chamado em chinês de "minghun". Seria teoricamente fácil encontrar a mesma quantidade de cadáveres dos dois sexos. Mas em algumas regiões rurais da China há um déficit de mulheres, que procuram empregos em áreas urbanas.Além disso, em todo o país, o aborto de fetos do sexo feminino levou a população masculina a se tornar bem mais numerosa. A agência de notícias Xinhua revela que em 2005 nasceram 118 meninos para cada grupo de 100 meninas.

Essa desproporção torna o cadáver feminino moralmente mais valioso e financeiramente mais caro. É por isso que os pais de garotos mortos tentam comprar no mercado clandestino cadáveres de noivas fantasmas.

Os casos relatados pelo "Legal Daily" ocorreram no final do ano passado. Yang Dongyan, 35, pequeno agricultor, disse ter "comprado" uma jovem com problemas mentais pelo equivalente a US$ 1.600, para revendê-la como noiva. Mas um agente funerário, Liu Shenghai, disse a ele que, se estivesse morta, a garota valeria muito mais. Dito e feito. Ela foi assassinada, e seu corpo, vendido por US$ 2.077.

Entusiasmado com a rapidez do lucro, Yang intermediou um outro cadáver e em seguida matou uma prostituta que costumava freqüentar. Conseguiu, porém, vender o corpo dela por apenas US$ 1.000, porque ela "era muito feia e já estava um pouco mais velha".

O corretor disse ter apreciado o lucro rápido. E afirmou que recomeçaria novamente caso não tivesse sido preso --em companhia do agente funerário e de um terceiro cúmplice, Hui Haibao, encarregado de matar as vítimas.

Embora desconhecendo o homicídio, o "New York Times" relatou o costume chinês --para os ocidentais uma bizarra aberração-- em reportagem publicada em outubro último.

As famílias camponesas chinesas são patrilineares. A mulher pertence à família do homem com quem se casou. Caso um homem morra adolescente (com 12 anos ou mais) ou excessivamente idoso, sem nunca ter-se casado, sua linhagem na próxima vida estaria, segundo a crença, comprometida.

É por isso que, desde tempos imemoriais, famílias camponesas praticam a troca ou o comércio de cadáveres. Familiares mais pobres simplesmente sepultam junto o casal que não se conheceu em vida. Os mais ricos fazem ceia com carne de porco ou de carneiro.

O jornal conta que no ano passado um camponês surpreendeu "corretores" que tentavam desenterrar o corpo de sua mulher recentemente morta para vendê-lo à família de um jovem defunto. Narrou também o desespero de uma mulher cujo irmão morrera havia pouco e que tentou comprar o cadáver de uma garota de 15 anos, abandonado num hospital de sua região.

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