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22/06/2009 - 22h44

Protestos no Irã questionam regime teocrático, dizem especialistas

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JIM MANNION
da France Presse, em Washington

As violentas manifestações observadas no Irã, devido ao resultado da eleição presidencial, revelam a profunda crise da legitimidade do regime, que abala a própria autoridade do guia supremo, Ali Khamenei, segundo especialistas. "A crise não responde mais à questão de quem é o presidente, mas sobre quem decide os assuntos terrenos: se a lei divina ou a Constituição", afirma Robin Wright, que é jornalista e especialista do Centro Woodrow Wilson em Washington.

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Embora os olhares estejam focados na questionada reeleição de Mahmoud Ahmadinejad à Presidência, o que está em jogo, atualmente, é o sistema teocrático instalado pelo aiatolá Ruhollá Khomeini em 1979 e a autoridade do sucessor, Alí Khamenei, segundo os analistas.

Reuters
Forças de segurança em frente à prédio do governo em Teerã; testemunhas relatam forte policiamento na cidade
Forças de segurança em frente à prédio do governo em Teerã; testemunhas relatam forte policiamento na cidade

O aiatolá Khamenei afirmou sexta-feira (19) que "não cederia às ruas" e advertiu contra "o sangue, a violência e o caos" que se apoderariam do Irã se prosseguissem os protestos. No entanto, uma nova manifestação aconteceu sábado (20). Pelo menos dez pessoas morreram, segundo os meios oficiais iranianos, em confrontos com as forças de segurança.

Não é a única fissura no apoio ao guia supremo. Segundo algumas informações, o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, líder da assembleia de notáveis encarregada, entre outras atividades, de supervisionar a atividade do guia supremo, teria reunido em torno a si, contra Khamenei uma coalizão de aiatolás.

"São as próprias bases do regime, sagradas em outros tempos, que estão sendo desafiadas no Irã", estima Karim Sadjadpur, especialista sobre o Irá. "O povo começa a questionar diretamente o Veyalat al Faqih, o sistema de governo criado em 1979 pelo aiatolá Khomeini", e em virtude do qual a autoridade do guia supremo para governar o Irã vem diretamente de Deus, acrescenta.

"Nunca se viu jamais o povo desafiar abertamente a legitimidade de Ali Khamenei como guia supremo", afirma.

Khamenei

Depois dos mandatos de presidente, Khamenei se converteu no guia supremo em 1989, em meio a críticas por sua falta de qualificações teológicas. Mas, depois, ampliou sua influência sobre a polícia e sobre instâncias decisórias como o Conselho de Guardiães da Constituição, a Presidência, o Parlamento e o exército ideológico do regime.

"De diferentes maneiras, Khamenei converteu-se num xá moderno, com um turbante em lugar da coroa", diz Karim Sadjadpur. Mas "cometeu um erro de julgamento: esta eleição --ou deveria dizer esta 'seleção'?-- foi um insulto à inteligência do povo".

Menos de 24 horas depois do pleito, o aiatolá confirmou a vitória de Ahmadinejad, chamando o feito de "bênção divina". Dois dias mais tarde, quando o protesto crescia, o líder supremo pediu ao Conselho de Guardiães que analisasse as queixas por fraude apresentadas por Mir Hossein Mousavi, principal candidato opositor.

Segundo Laleh Jalili, professor da Escola de Estudos Africanos e Orientais de Londres, "Khamenei não dispõe do crédito que tinha o aiatolá Khomeini, não tem o mesmo carisma".

Poucos analistas se animam a prever, no entanto, qual será o resultado destas violentas manifestações. "Uma repressão violenta, embora tenha êxito, só seria a primeira parte de uma longa batalha" que pode levar à desestabilização do regime teocrático islâmico, afirma Michael Eisenstadt do Instituto de Estudos do Meio Oriente de Washington.

Comentários dos leitores
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Valentin Makovski (217) 03/11/2009 15h23
Eu não duvido de nada, se os EUA em alguns anos, implantarem algumas bases de mísseis de longo alcance no Iraque, pois estão lá e tem mais de 100 mil soldados, agora lógico. A Russia esta fazendo o mesmo apoio ao Irã, Pra ser mais exato, a guerra fria ainda não acabou só mudou de época. Lógico com vantagem dos EUA, mas a Russia tem seus prô e contras, ainda tem tecnologia suficiente e possui o maior arsenal de bombas atômicas. EUA estão no paquistão não para combater o Taliban, estão presentes numa região que demanda conflitos eternos, e que sempre terá um para vender armas, e tecnologia. Sabemos de praxe Srs (as) que guerras são grande negócios, em valores astronômicos. Antes não se dava ênfase á aquela região, hoje em dia a região é estratégica para as super potencias, envolve muito dinheiro e conflitos a vista. Por isso tanto interesse e tanta movimentação bélica. sem opinião
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J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
J. R. (1126) 18/10/2009 13h21
RU treina soldados iraquianos para proteger seus poços de petróleo.
"O Parlamento iraquiano aprovou nesta terça-feira um acordo de cooperação marítima com o Reino Unido que permitirá o retorno de entre cem e 150 soldados britânicos ao sul do país árabe, para ajudar a treinar a Marinha iraquiana e proteger as instalações petrolíferas."
Este é o sinal obvio que os ingleses se apossaram das companhias de petróleo iraquianas após enforcarem Sadam Hussein e colocarem "testas de ferro e laranjas" da nova elite iraquiana. Como se não bastasse o exército iraquiano vigiará os poços para eles. Provavelmente, após o saque ao tesouro iraquiano, no lugar de ouro e outras moedas, os corsários os encheram de dólares cheirando a tinta. O Irã deve abrir bem os olhos, pois isso é o que é pretendido para eles também. É bom que a revolução dos aiatolás comece a educar seu povo maciçamente, a fim de não facilitar a invasão dos inimigos que sempre contam com que o povo esteja na ignorância.
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J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
J. R. (1126) 28/09/2009 14h07
Alguns não querem que o Brasil se aproxime do Irã, outros não querem que se aproxime do criminoso Israel, porém lembrem-se que estão num país que não tem rabo preso. O presidente do Irã virá, o ministro de Israel, Kadafi, Obama. Isso é liberdade e autodeterminação. De que adianta essa panacéia com relação ao mundo árabe? Nada. 1 opinião
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