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11/08/2003 - 05h14

Las Leñas carrega esquiador ao extremo

EDNEY CIELICI DIAS
do enviado especial da Folha de S.Paulo a Las Leñas

O dia está ensolarado. Da janela do avião, vê-se uma planície seca e, ao fundo, a cordilheira dos Andes. Distingue-se à distância a trilha de poeira deixada por um automóvel minúsculo. Em poucos minutos, pousamos em Malargüe, na Província de Mendoza, a 1.200 km de Buenos Aires.

A cidade possui 22 mil habitantes e está a 1.400 m do nível do mar. Temos 70 km de subida na cordilheira até a estação de Las Leñas. Quando chegarmos, estaremos a 2.300 m de altitude.

Edney Cielici Dias/Folha Imagem
Crianças em aula de esqui em Las Leñas adotam visual "bad boy"


À medida que subimos, a vegetação rala escasseia ainda mais. A pedra intercalada por neve predomina na paisagem. Sobrevive uma vegetação mais baixa e resistente, como a leña amarilla (Adesmia pinifolia), típica dessa área. Daí vem o nome: Valle de Las Leñas Amarillas (amarelas).

O vale é cercado por picos imponentes. Cerros Ponce, Torrecillas, Entre Rios. Como aproveitar da melhor maneira essa natureza? Os que conhecem bem a região não têm dúvida. Para desfrutar a cordilheira em sua plenitude, é imprescindível dominar o esqui.

A estação

Las Leñas funciona desde 1983. Hoje é uma espécie de condomínio privado, com uma administração geral e estabelecimentos independentes. Conta com cinco hotéis, apart-hotéis, restaurantes e bares, duas danceterias, supermercado, minishopping, banco, cassino e posto médico.

A grande maioria dos mil empregados da estação trabalha no local somente na temporada de inverno, de junho a outubro. Parte deles é composta de estudantes recrutados em Buenos Aires e de gente da própria região.

Outro contingente é formado por trabalhadores para os quais é inverno quase o ano todo --quando o hemisfério Sul se aquece, vão trabalhar em estações de esqui na Europa e nos Estados Unidos.

Segundo Leonardo Szeinman, presidente de Las Leñas, 2002 foi o melhor ano na recepção de turistas. Cerca de 50 mil pessoas se hospedaram na estação. A grande maioria são argentinos --o turismo doméstico cresceu devido à desvalorização do peso. Em número bem menor, aparecem os brasileiros (mais de 2.000), norte-americanos e viajantes de outros países da América Latina.

Las Leñas exerce uma forte atração sobre os amantes do esqui. As pistas totalizam mais de 60 km e possuem características variadas. Não é necessário nenhum meio de transporte para chegar à montanha. Os hotéis estão à borda dos meios de elevação. O clima na cordilheira possibilita uma neve fofa e seca, mais sol e calor.

Por grau de dificuldade, 5% das pistas são para principiantes; 30%, para os de nível intermediário; 25%, para os de técnica avançada e 40%, para experts.

Apesar do baixo percentual, os trechos apropriados para iniciantes são longos. A pista Vênus, por exemplo, tem cerca de 1.800 m de extensão e é uma das maiores do mundo em sua categoria.

Para os esquiadores de alta qualificação, o leque de possibilidades é amplo. Há o acesso relativamente fácil a descidas fora do circuito, o chamado esqui extremo. A descida se dá a partir dos pontos mais altos, com percursos de grande dificuldade. Em Las Leñas, não é necessário o uso de helicóptero para chegar até eles. Os locais de esqui radical são acessíveis pelos meios fixos de elevação ou por um veículo próprio para percorrer a neve, o snowbus. A altitude no topo é de 3.430 m.

Às segundas, às quartas e aos sábados, é possível praticar esqui noturno até as 20h, em duas pistas iluminadas. Dos frequentadores da estação, cerca de 80% praticam o esqui e 20% o snowboard.

Hora do jantar

O Piscis é o único cinco estrelas de Las Leñas. Ele pode parecer um pouco rústico se considerarmos a classificação que possui. O aspecto despojado, no entanto, é compensado pela qualidade do atendimento e o ambiente caloroso (e não se trata de uma referência à calefação, que é eficiente).

Os pacotes incluem, em geral, o jantar, e não o almoço. Isso é prático: durante o dia, come-se nos restaurantes próximos à pista para não perder tempo.

Pablo Musumeci é proprietário do Piscis e do Escorpio, outro hotel da estação. Ele não gosta de esquiar e, por hobby, dedica-se à cozinha dos dois restaurantes do Piscis. "O que você achou do risoto?", perguntou com uma curiosidade ansiosa, típica de quem gosta de cozinhar. O prato estava muito bom, assim como o vinho.

Mendoza é responsável por 70% da produção vinícola argentina. Nos restaurantes e mesmo no pequeno supermercado da estação (a preços mais baixos, claro), encontram-se tentadoras garrafas de malbec e de cabernet sauvignon, para citar dois tintos, e de sauvignon blanc e chardonnay, para mencionar dois brancos.

Opções na noite

O esqui consome muita energia. Depois de um dia cheio e do jantar farto, uma boa noite de sono é convidativa. Mas existem possibilidades de divertimento noturno. O hotel Piscis possui um cassino aberto ao público. Para quem gosta de dançar, há a Ufo Point, especialista em música eletrônica que funciona à noite e também nos fins de tarde, e o Corona Club, com repertório eclético.

Fora da temporada, a estação tem como atrações o ecoturismo --passeios, trekking, cavalgadas.

Las Leñas, no entanto, tornou-se nos últimos 20 anos sinônimo de esportes de inverno.

Edney Cielici Dias viajou a convite das Aerolineas Argentinas, dos hotéis Piscis (Las Leñas) e Sheraton Libertador (Buenos Aires) e da Ski Network


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