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Diretor de "Bistrô" queria ter feito filme de comida
NINA HORTA COLUNISTA DA FOLHAAntigamente os protagonistas de um romance eram homens e mulheres resolvendo suas situações de vida. Comia-se nos intervalos sem que ninguém notasse. De repente, mudança brutal. A comida passa a exercer um fascínio. Muitas vezes é a protagonista, nunca a esquecida.
Em "Bistrô Romantique" ela está dividida entre salão e cozinha. E, vamos combinar, o lado da cozinha é mais ativo, menos complicado que a vida propriamente dita.
Como era Dia dos Namorados resolveram fazer uma comida temática. O coquetel chama-se "aperitivo do amor" e é de champanhe com licor de rosas à base de grappa. Os canapés têm forma de coração e o engraçado é a atenção que se dá ao som da comida.
Quando se enfia uma garrafa no gelo ela faz o barulho do gelo dando lugar ao vidro, se remoendo. No primeiro prato as ostras são abertas e nunca se ouviu uma separação de conchas tão perfeita.
Quando juntam-se vieiras com porco, com capricho e facas afiadas, percebe-se que não estão ali para brincar, tem que dar água na boca já que a sala do bistrô está mais para o choro que para o riso.
O bistrô dá inveja. É mínimo, mas funcional. Afiam-se facas, lavam a louça, assam ingredientes numa coreografia de palco. Panelas por ordem de tamanho, novas.
Em segundos aparecem todos os problemas de um restaurante. O chef que bebe, a irmã descompensada, o vinho bouchonné ou não, o medo de que por lá apareça um crítico do "Gault Millau".
O cineasta gostaria mesmo é de ter feito um filme sobre comida. Leva mais jeito do que para um filme de relações humanas, com certeza.
'BISTRÔ ROMANTIQUE'
DIREÇÃO Joël Vanhoebrouck
PRODUÇÃO Bélgica
ESTREIA 21/8
CLASSIFICAÇÃO 14 anos