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Análise

Equívocos de repertório e arranjos não foram capazes de trair enorme talento

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Os sete discos da série "Aquarela Brasileira", lançados pela Som Livre entre 1988 e 1995, foram a ascensão e a queda de Emílio Santiago.

Tornou-se, naquela época, um artista extremamente popular, capaz de interpretar de sambas-enredo a boleros enfossados, fazendo jus ao cantor da noite que fora no início de carreira, na primeira metade da década de 1970.

A paga por tanto sucesso foi o desvio do caminho que apontara em discos como "Feito Para Ouvir" (1977), um conjunto impecável -registros de "Beijo Partido" a "Olha Maria"- que a Dubas relançou em 2009.

Emílio seguia para se consagrar como um dos melhores e mais versáteis cantores nacionais. Um Milton Nascimento sem falsete, mas com muito mais ginga. Um Roberto Ribeiro de timbre ultramacio, ideal para canções lentas, para a bossa nova.

Os muitos arranjos cafonas de "Aquarela Brasileira", a obviedade do repertório, a repetição mercadológica da fórmula bloqueou a estrada artística de Emílio, ainda que tenha feito dele um nome conhecido em todo o país.

Só nos últimos anos, talvez por já estar mais estabilizado na vida, tendo até selo próprio, Emílio conseguiu voltar a gravar discos conceituais, amarrados do início ao fim, acompanhando de gente do seu nível e criadora de músicas à sua feição: João Donato, Marcos Valle, Carlos Lyra.

"De um Jeito Diferente" (2007) e "Só Danço Samba" (2010) mostram, assim como uma série de participações e duetos que deixou espalhados por aí, o grande cantor que foi Emílio. Nem sempre com o melhor repertório, nem sempre com o melhor arranjador, mas sem nunca conseguir trair o enorme talento.


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