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Transição chinesa

Twitter chinês leva tensão à liderança comunista

Serviço de microblog é usado para divulgar informações bloqueadas

Às vésperas do congresso que vai mudar a chefia política do país, cresce a censura à popular ferramenta de internet

FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM

O jornal "Gado Times" publicou reportagem na qual revela que uma certa família acumulou ao menos US$ 2,7 bilhões durante o mandato do Diamante Wen. A revelação ocorreu a poucos dias do início de Esparta.

Difícil de entender?

Sem o uso de termos cifrados para driblar a censura no Twitter chinês (Weibo, no termo em mandarim), a frase ficaria assim: o jornal "New York Times" publicou reportagem na qual revela que a família do premiê Wen Jiabao acumulou ao menos US$ 2,7 bilhões durante seu mandato. A revelação ocorre a poucos dias do início do 18º Congresso do Partido Comunista.

Principal termômetro do humor do país, a internet chinesa se transformou em um jogo de gato e rato entre um governo cada vez mais preocupado em preservar sua imagem e um número crescente de microblogueiros que criticam e expõem notícias bloqueadas na imprensa tradicional pelo regime.

Os embates incluem a circulação de notícias no exterior bloqueadas no país, caso das recentes revelações sobre Wen (o site do "Times" está bloqueado desde que a notícia saiu) e a publicação de fotos de protestos que a imprensa está proibida de cobrir.

"O Weibo é muito importante para entender a China contemporânea", disse à Folha o sul-africano Jeremy Goldkorn, fundador do site danwei.com, que monitora a internet chinesa.

"É uma área em que a opinião pública aparece de forma organizada e tem um efeito no governo, na mídia tradicional, no debate público e no discurso público."

Goldkorn afirma que isso já vinha se desenvolvendo desde os primórdios da internet na China, mas que o Weibo acelerou o processo por incluir muito mais pessoas.

Driblar a censura é um verdadeiro jogo de gato e rato. No caso de Wen, por exemplo, os mecanismos de busca proibiram termos como "Wen Jiabao + fortuna", e posts mencionando o caso eram rapidamente apagados.

Nos últimos dias, não está permitido nem mesmo mencionar o 18º Congresso, que começa nesta quinta e definirá a nova liderança do país.

É como se o Twitter vetasse a discussão de "eleições presidenciais" nos EUA. Para evitar a censura, inventam-se termos substitutos, como "Esparta" (para Congresso).

O problema é que, muitas vezes, os códigos são difíceis de decifrar. E, quando se tornam muito populares, também são censurados.

"A censura funciona não por ser impossível achar informação que o governo não gosta, mas por agregar inconveniências para encontrar esse tipo de informação ou por moldar o debate de forma que as opiniões sejam consideradas perigosas", diz Goldkorn.

"Se você não for obcecado pela internet e especialista em mídia, é possível que não note [as críticas ao governo]."

Não há estatísticas sobre o número de funcionários de governo envolvidos em monitorar o Weibo, mas provavelmente envolve algumas milhares de pessoas, a ponto de já virar uma profissão. O site jobui.com, por exemplo, anuncia vagas para censores.

Os filtros estão cada vez mais sofisticados. Na semana passada, os usuários do Sina Weibo (o portal mais popular) em Ningbo foram impedidos de subir fotos, em meio a protestos contra a expansão de uma planta petroquímico. Mas sempre há alternativa: microblogueiros publicaram orientações para driblar o bloqueio, como desligar o serviço de localização dos smartphones.


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