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Tostão

Somos todos diferentes

Priorizar o coletivo não é formar jogadores iguais; é fazer com que os diferentes participem do coletivo

Gilmar Rinaldi, ex-goleiro, ex-superintendente do Flamengo e que foi, durante longo tempo, agente de atletas, é o coordenador de todas as seleções brasileiras. Ele disse que largou sua atividade de agente para ocupar o cargo. Mesmo assim, essa proximidade, que não se apaga por decreto, é conflitante com o atual trabalho. Deveria, no mínimo, passar por uma quarentena. Por que foi escolhido, já que não é nenhum profundo conhecedor do assunto?

Alexandre Gallo, coordenador das seleções de base, deu detalhadas informações, com milhares de estatísticas sobre os resultados em campo e sobre o que tem sido feito. Falou que as seleções de base jogam um futebol moderno, compacto, com muita troca de passes e poucos chutões. Não foi o que vi. Além do mais, a formação de atletas no Brasil é feita, principalmente, pelos clubes.

O Brasil ganha muitos títulos nas categorias de base porque possui um enorme número de bons jogadores, que passam a atuar nos times principais muito cedo, sem deixarem de jogar pelas seleções de base. Eles ficam fisicamente prontos antes dos jovens de outros países. É raro ver um jogador de uma seleção de base da Europa já titular de um grande time. Além disso, o Brasil também perde, e muito. Não participou do último Mundial sub-20 porque não se classificou entre os quatro primeiros no Sul-Americano.

A questão principal é saber a razão de um país tão grande, com tanta tradição, com tantos bons jogadores nas categorias de base, só ter um único craque do meio para a frente: Neymar.

Gallo disse que vai priorizar o conjunto. Isso é importante. Desaprendemos a jogar coletivamente. Mas é preciso também enxergar os detalhes, a subjetividade, as exceções, e não apenas a regra. O Brasil tem formado jogadores muito iguais, em série, como se fosse uma fábrica de parafusos. Privilegiar o coletivo não é deixar de formar os diferentes. É fazer com que os diferentes participem do coletivo. A Alemanha não se destacou somente pelo conjunto. Foi a seleção com o maior número de excepcionais jogadores.

A solução não é também baixar um decreto de que todos os clubes, desde as categorias de base, adotem o mesmo estilo. É importantíssimo criar variações. Não existe apenas uma maneira de atuar bem e de vencer.

A Argentina usou, contra a Alemanha, a mesma estratégia do Real Madrid, na Liga dos Campeões, contra o Bayern, base da seleção alemã, com duas linhas de quatro, próximas e recuadas. A grande diferença é que, no contra-ataque, o Real tinha quatro jogadores excepcionais (Di María, Cristiano Ronaldo, Benzema e Bale). A Argentina dependia demais de Messi, com a contusão de Di María.

O Brasil precisa mudar vários conceitos sobre como jogar futebol e como se organizar e trabalhar bem. Não serão com parceiros da CBF nem somente com os Zé-Regrinhas.


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