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Série quebra hegemonia masculina, diz feminista

Para militantes, mérito de 'Game of Thrones' é mostrar problemas do mundo real

Passagens de sexo consensual no livro viraram estupros na adaptação para TV, o que é alvo de crítica

ISABELLE MOREIRA LIMA DE SÃO PAULO

Em seu time de poderosas, "Game of Thrones" tem duas rainhas, uma sacerdotisa, duas guerreiras e algumas nobres influentes. Em comum, todas têm conseguido chegar perto de seus objetivos e sobreviver, o que, para os parâmetros do seriado, é muito.

Bastou para que feministas já batizem as filhas com nomes de personagens.

Fã da série e militante, a artista plástica Daiara Figueroa não considera "Game of Thrones" feminista. "O feminismo propõe alternativas à desigualdade de gênero. A série não propõe nada, mas reafirma problemáticas que existem no mundo real", diz, referindo-se à estrutura patriarcal e à disputa de poder entre homens e mulheres.

Nem feminista nem machista. Figueroa ressalta "o alto grau de sanguinolência" da obra, mas lembra que a violência contra a mulher não é a única presente na série que, afinal, trata de guerras.

"Seu mérito é romper com a hegemonia dos homens", afirma, citando a personagem de Daenerys Targaryen, que começou como garotinha indefesa e virou conquistadora de terras e povos.

Para Nana Queiroz, idealizadora da campanha "Eu não mereço ser estuprada", a série mostra que o resultado é "perverso" quando mulheres são subestimadas. Ela cita a personagem Cersei Lannister como exemplo de sua tese. Manipuladora e cruel, foi uma vítima do pai e do marido no passado. "Ela se curva às regras do jogo e se torna uma mulher muito amarga."

Para essa feminista, a série peca por usar nudez feminina: "É mais machista que o livro, explora o corpo da mulher como objeto sexual".

A professora de literatura da Universidade de Brasília, Regina Dalcastagnè, diz que a série avança por mostrar mulheres de atitude."Por outro lado, as coisas poderiam ser mudadas. Optaram por construir uma sociedade que não difere da patriarcal."

Já a roteirista Renata Corrêa, que leu o livro e segue a série, diz que é justamente essa proximidade com o mundo real que faz as pessoas se identificarem com a história.

Para ela, o maior problema de "Game of Thrones" é o pezinho na misoginia, com o uso excessivo da exibição do corpo feminino e um descompasso sensacionalista na adaptação do livro para a tela: duas cenas importantes de sexo consensual viraram estupro na produção de TV.

"Essa transformação não teve impacto na história. Pareceu-me mais uma coisa de fetiche", afirma.


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