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Uma relação tão delicada

O contato entre franqueadores e franqueados nem sempre é amigável e pode resultar em disputas na Justiça; estudo prévio evita problemas

CLARA ROMAN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A história começa assim: franqueadoras (marcas) fazem propostas sedutoras, com promessa de lucros invejáveis.

O futuro franqueado se encanta, sela o acordo, investe. Mas nem sempre consegue rever o dinheiro.

O empreendedor Célio Pereira foi um dos que viram o próprio negócio afundar, sem recuperar investimentos de cerca de R$ 300 mil.

Em 2008, ele abriu uma loja da VitaDerm em Blumenau (SC), onde trabalhou por sete anos -na área de administração de franquias.

No mesmo ano, enchentes no Vale do Itajaí destruíram a cidade. Pereira pediu ajuda à VitaDerm, mas as vendas não deslancharam.

"A gente sabe que, nos primeiros seis meses, a franquia não dá lucro. Só que a minha franquia nunca deu lucro, só dava prejuízo", afirma.

Pereira teve de fechar a loja e entrou com uma ação na Justiça, com pedido de indenização, alegando que a franqueadora não ofereceu o auxílio necessário e pode receber cerca de R$ 200 mil.

Ele ganhou em duas instâncias e aguarda recursos.

Segundo Luiz Ricardo Marinello, advogado da empresa, a VitaDerm deu assessoria ao franqueado. Para ele, Pereira foi prejudicado pelas chuvas e não esperou tempo suficiente para consolidar o empreendimento.

"Os outros franqueados podem contar como têm assessoramento. Acho que o erro foi não avaliar se aquela pessoa tinha aptidão para ser franqueado", diz José Gomes de Araujo, gerente de controles financeiros da VitaDerm.

ANTIDOTO

César Losano viveu drama similar. Em 2007, ele abriu uma loja da marca de cosméticos Antidoto, no shopping internacional de Guarulhos (Grande São Paulo).

"As referências eram positivas. Eles prometeram um faturamento de R$ 29 mil, que daria para cobrir minhas despesas", afirma.

No fim de 2008, ainda não havia atingido o faturamento prometido. Endividado, teve de fechar a loja. "Até hoje, tenho dívidas no patamar de R$ 200 mil", diz ele.

Uma dessas dívidas era justamente com a franqueadora, que entrou com processo contra ele.

Losano reagiu: com base em análises de uma perícia, conseguiu comprovar que a oferta de faturamento prometida era impraticável e que ele havia sido induzido ao erro.

"Teve uma divulgação falsa", afirma Gabriel Villarreal, que defendeu Losano. Outra reclamação foi que a franqueadora não ofereceu a assessoria necessária.

Com decisão favorável, Losano conseguiu anular o contrato e deve ser ressarcido em todos os gastos, de cerca de R$ 90 mil, caso a decisão não mude em outras instâncias.

Procurada, a Antidoto não quis se manifestar.

Hannah Fernandes, advogada especializada no tema, afirma que é difícil precisar as razões do insucesso.

Ela recomenda que as franqueadoras evitem divulgar promessas de faturamento na circular de oferta de franquia.


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