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Fed adia corte de estímulo e alivia pressão sobre dólar

Banco central dos EUA quer mais provas da solidez da retomada econômica

Dólar comercial, utilizado no comércio exterior, teve baixa de 2,92% e atingiu menor valor desde 26 de junho

JOANA CUNHA DE NOVA YORK ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

O Fed (Banco Central dos EUA) contrariou a expectativa do mercado e decidiu ontem que deixará para depois a redução de seu programa de estímulos à economia e à criação de empregos, alegando que precisa de mais provas da solidez da retomada.

A expectativa de que não haverá redução na oferta de dólares nos emergentes fez o real se valorizar ontem em relação à moeda americana e analistas já falam até em dólar cotado a R$ 2,10.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,78% em relação ao real, cotado em R$ 2,239 na venda, atingindo o menor valor desde 23 de julho.

Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, teve baixa de 2,92% em relação ao real, para R$ 2,194 --menor valor desde 26 de junho. A diferença entre as variações acontece porque o dólar à vista fecha às 16h30, e o comercial, às 17h. O anúncio do Fed ocorreu por volta das 15h.

O dólar perdeu força ontem em 13 das 24 moedas emergentes monitoradas pela agência Bloomberg --a maior queda foi em relação ao real.

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, os investidores têm "exagerado" na avaliação do impacto que um corte no estímulo americano teria sobre os mercados.

"Desde a crise, o Fed já injetou US$ 2,7 trilhões na economia americana. Reduzir o valor [do programa de estímulo] não fará grande diferença", enfatiza.

O analista prevê que o dólar estará cotado a R$ 2,10 no fim deste ano.

INDICAÇÃO

Desde junho, o presidente do Fed, Ben Bernanke, vinha indicando que o programa de compra de títulos de US$ 85 bilhões mensais, que começou em setembro de 2012 (então com US$ 40 bilhões) poderia começar a ser reduzido até o fim deste ano, se os sinais da recuperação da economia correspondessem ao que a instituição esperava.

O fim das compras de títulos, segundo Bernake, ocorreria em meados do ano que vem. Mas a perspectiva de crescimento e de criação de emprego --um dos parâmetros para cortar estímulos-- caiu nos últimos três meses.

Os mercados esperavam o anúncio de uma redução de até US$ 15 bilhões no volume mensal do estímulo já.

De acordo com o banco, após dois dias de reunião, os membros do Fomc (o comitê de política monetária) "decidiram aguardar mais provas de que o progresso [econômico obtido até agora] é sustentável antes de ajustar o ritmo das compras".

A redução do estímulo ainda pode iniciar neste ano, mas Bernanke voltou a dizer que "não há cronograma preestabelecido". A próxima reunião do Fomc é em outubro.

No comunicado de ontem, as condições para o fim do estímulo foram reiteradas: os juros permanecem em uma banda entre zero e 0,25%, enquanto o desemprego não cair dos atuais 7,3% abaixo de 6,5%. A referência da inflação foi mantida em 2%.

Uma das preocupações demonstradas foi a elevação das taxas hipotecárias, que subiram mais de um ponto percentual desde maio. O impasse no Congresso americano sobre cortes no Orçamento também pode frear, outra vez, o crescimento americano.

"O enrijecimento das condições financeiras observadas nos últimos meses, se mantido, pode reduzir o ritmo da melhora na economia e no mercado de trabalho", afirma o comitê em nota, mostrando que uma retirada neste momento prejudicaria a evolução da retomada.

A decisão teve o apoio de todos os membros do comitê, exceto Esther George, presidente do Fed de Kansas City, que, como em reuniões anteriores, mencionou preocupações inflacionárias.

Com a compra de ativos de longo prazo, o Fed visa a reduzir a oferta deles no mercado. O resultado é alta de preços e, consequentemente, queda nos juros de longo prazo, aquecendo a economia.

REAÇÃO DOS MERCADOS

Os mercados, surpresos, reagiram bem à notícia. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Nova York, subiu 0,94 % e fechou em nível recorde, a 15.676,17 pontos.

O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa brasileira, fechou no maior patamar desde 28 de maio, após alta de 2,64%. O indicador chegou a cair 0,5% pela manhã, mas engatou alta depois da decisão do Fed.

A Bolsa brasileira também foi ajudada pelo forte avanço de 2% das ações mais negociadas da Petrobras e pela alta de 10% dos papéis da OGX, petroleira de Eike Batista.

As taxas de juros futuros fecharam em queda, acompanhando a desvalorização do dólar. "Com a moeda americana mais fraca, é menor a pressão inflacionária no país, o que reduz a necessidade de elevação dos juros", explica Luiz Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora.


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