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Analistas aumentam tom de críticas no Rio

Em seminário, agência de risco diz que nota pode ser rebaixada mais rapidamente

DENISE LUNA DO RIO

O risco de que tomar empréstimos no exterior fique mais caro e o motivo desse risco --uma crise de confiança na capacidade de o governo cortar gastos e aumentar sua economia para pagar juros-- fizeram com que empresários e economistas adotassem um discurso agressivo ontem, em seminário no Rio.

Um dos mais incisivos, o ex-presidente da Vale e ex-executivo do Bradesco Roger Agnelli, criticou as incertezas macroeconômicas, afirmando ironicamente que hoje não é possível sequer saber qual foi o PIB (Produto Interno Bruto) de 2012 para montar um orçamento.

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o PIB de 2012 será revisto de 0,9% para 1,5%, mas que não era oficial.

"Não sabemos se a meta da inflação é 4,5% ou 6,5%, se vai ter privatização em 2014 ou as que fizeram (aeroportos, rodovias) foram só para reduzir o deficit do ano, ou se as regras vão ser alteradas como foram em 2013 para energia, petróleo. Isso freia os investimentos, porque o empresário vai esperar para ver o que vai acontecer", avaliou.

A presidente da agência de risco Standard & Poor's no Brasil, Regina Nunes, disse que o desempenho das receitas e gastos do governo (a chamada situação fiscal) vai definir o prazo em que pode ser revista a nota de capacidade de pagamento do país.

Em junho, a S&P informou que havia colocado o Brasil em perspectiva negativa e em 24 meses faria uma nova avaliação. Esse prazo, porém, poderá ser mais curto, se os números do governo piorarem.

"Tudo agora no Brasil está em cima da situação fiscal", disse Nunes. "A crise de credibilidade do país não veio por acaso. O Brasil não fez o trabalho de casa na parte fiscal. O dinheiro está indo para custeio e tem que ser usado em infraestrutura, que é o que o país precisa", afirmou.

Se houver rebaixamento, o Brasil vai passar da nota BBB para BBB-, o que ainda significa grau de investimento --aquele em que os emprestadores estão dispostos a cobrar juros menores.

Para Agnelli, o quadro ficará ainda pior se o país for rebaixado pelas agências de risco. "O custo de capital é fundamental para os investimentos. Mexer nisso agora seria cruel para o Brasil."

Presente no mesmo evento, o ex-presidente do Banco Central Carlos Langoni disse não saber hoje qual a política econômica do país. "O foco era a meta de inflação, havia responsabilidade fiscal, hoje não se sabe a meta que está sendo perseguida. A economia brasileira está decepcionante", declarou.

Para o diretor estatutário e economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, o Brasil vive uma recorrente crise de confiança, independente do governo. "É o país emergente onde se identifica baixíssima tolerância dos investidores por desvios de conduta macroeconômica."

Para Barros, se houvesse mais confiança por parte dos investidores, não teria havido uma depreciação tão forte do real este ano.

"É preciso melhorar a transparência na área fiscal", afirmou Barros.

"Há uma ampla percepção de que o Brasil pode estar gerando passivos ocultos de difícil mensuração."


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