Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise ONU

Reforma do Conselho demanda improvável conjunção de fatores

Circunstâncias para a entrada do Brasil no órgão são menos propícias do que quando a ONU surgiu, em 1945

Falta um consenso amplo sobre quais seriam os países merecedores de inclusão no órgão máximo da organização das nações unidas

DAWISSON BELÉM LOPES AZIZ TUFFI SALIBA ESPECIAL PARA A FOLHA

O tema da reforma do Conselho de Segurança da ONU voltou à ordem do dia. E o Brasil, que é candidato a um assento permanente no órgão, vem apresentando as suas credenciais, seja por meio de discursos diplomáticos, seja pela crescente participação em operações de paz ao redor do mundo.

O Brasil teve sua maior chance de obter uma cadeira cativa pouco antes da criação da ONU. Nesta época, contou com o ostensivo apoio dos EUA. Sua dimensão continental, aliada a traços como o pacifismo e o respeito aos códigos internacionais, dava-lhe um ar de "gigante gentil".

Da perspectiva regional, Brasília fazia o contraponto a Buenos Aires --que seguia cultivando, para Washington, "tendências fascistas".

Porém, nossa candidatura ao Conselho não se viabilizou. Nosso ponto forte -- alinhamento com os americanos-- foi também a principal razão de objeção por parte de Londres e Moscou, que temiam automática duplicação do voto estadunidense.

O debate contemporâneo tem dois polos: de um lado, há os que entendem tratar-se de uma aspiração legítima e necessária, que reposicionaria o Brasil entre as grandes potências; de outro, aqueles que a consideram uma perda de tempo, dinheiro e energia, pois não conseguem enxergar relação com o desenvolvimento do país.

Entretanto, tal debate desenrola-se, quase que invariavelmente, a partir de uma falsa premissa: a de que, no atual contexto internacional, seria factível uma expansão do Conselho que viesse a contemplar o Brasil. Por motivos diversos, as atuais circunstâncias são ainda menos propícias do que em 1945, pois:

1) O Brasil cresceu, fortaleceu-se e passou a reivindicar a liderança da América do Sul. Sua economia era menor até que a argentina nos anos 1940. O "gigante gentil" tornou-se menos dócil.

2) Falta um consenso amplo sobre quais seriam os países merecedores de inclusão no órgão máximo da ONU. Candidatos competitivos à vaga deverão gerar convergências entre EUA, Reino Unido, China, Rússia e França (uma condição praticamente inalcançável).

3) O veto, em momentos cruciais, paralisou a ONU. Acabar com ele --como querem alguns-- dependeria da aquiescência dos atuais membros permanentes, o que é quase impossível.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página