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Chanceleres da Unasul antecipam visita
FABIANO MAISONNAVE DE SÃO PAULOEm meio ao recrudescimento da repressão do governo Nicolás Maduro contra a oposição, uma comitiva de chanceleres da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) estará por dois dias em Caracas para avaliar a crise política. Até ontem, não estavam previstos encontros em separado com opositores.
A missão, que inicialmente estava marcada para o começo de abril, deverá contar com a presença de todos os chanceleres da Unasul, incluindo o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo.
A visita dos chanceleres foi antecipada após consulta aos países da Unasul no início desta semana.
Durante entrevista coletiva em Berlim ontem, Figueiredo disse que o objetivo da comitiva é "apoiar o diálogo" entre "todas as forças políticas" da Venezuela, segundo a agência de notícias Efe.
Os compromissos, nas próximas terça e quarta-feira, inclui uma audiência com Maduro. Estão sendo negociadas também reuniões com a Assembleia Nacional e com os governadores do país, segundo fontes diplomáticas.
O formato abre a possibilidade de encontro, dentro das reuniões, dos chanceleres com o principal líder opositor, Henrique Capriles, governador de Miranda, e a deputada María Corina Machado.
Procurado pela Folha ontem à tarde, Capriles informou, via assessoria, que ainda não havia recebido nenhum convite.
A Unasul é a grande aposta do governo Dilma Rousseff para arrefecer a crise política na Venezuela. Até agora, o Brasil não fez uma manifestação individual sobre o país, preferindo agir por meio de organismos, como a Unasul e o Mercosul.
No início do mês, a diplomacia brasileira ajudou a bloquear o envio de uma missão da OEA (Organização dos Estados Americanos), rejeitada por Caracas em razão de incluir os Estados Unidos.
Mesmo com a proximidade da visita, o governo venezuelano aumentou a pressão contra oposição. Dois prefeitos foram presos entre quarta e quinta-feira, acusados de fomentar os protestos violentos em suas cidades.
O governo Maduro tem acusado os líderes dos protestos oposicionistas de tentar derrubá-lo.
"Estamos enfrentando um golpe de Estado continuado que será permanente", disse o venezuelano anteontem.
Ontem, Maduro afirmou que tinha "provas" contra Ramón Muchacho, prefeito de Chacao, município de classe média de Caracas e principal palco da onda de protestos.