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Acusação é algo 'bizarro', diz alvo do governo

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

"O governo está arrumando justificativas para adotar ações mais drásticas contra María Corina", disse, em entrevista exclusiva à Folha, o empresário venezuelano Pedro Burelli. Ex-executivo da estatal petroleira PDVSA, ele é acusado pelo governo venezuelano de conspirar para matar o presidente Nicolás Maduro, juntamente com a deputada opositora cassada María Corina Machado.

Burelli afirma que os e-mails apresentados pelo governo venezuelano como suposta prova da conspiração para fazer um golpe de Estado e assassinar Maduro são "falsos". "E é possível provar", afirmou.

Para Burelli, a acusação, somada ao pedido de prisão contra ele, é algo "bizarro".

O empresário falou com a Folha por telefone, dos Estados Unidos, onde vive.

Folha - Como o senhor responde às acusações do governo venezuelano de que estaria conspirando para derrubar o governo e assassinar o presidente Nicolás Maduro?
Pedro Burelli - Os e-mails são falsos e nós vamos provar. Meus advogados já estão em contato com o Google. É possível provar a falsificação. Mas o governo, em vez de admitir a falsificação ou recuar, continua me perseguindo e agora veio com esse pedido (de prisão) à Interpol. Não participei de nenhuma conspiração para derrubar o governo. Isso tudo é bizarro.

Na sua opinião, qual é a motivação para as denúncias?
Um dos motivos é eu ter ajudado e apoiado a ida de María Corina Machado à audiência pública na OEA [em que ela criticou o governo venezuelano por desrespeito aos direitos humanos; depois, a opositora foi destituída do cargo de deputada pela Assembleia sob o argumento de ter falado na OEA a convite de um país estrangeiro, o Panamá, o que seria ilegal].
O grupo da Unasul, encabeçado pelo chanceler brasileiro Luiz Alberto Figueiredo, está pressionando o governo venezuelano em relação às denúncias de violações aos direitos humanos no país.
O governo está muito pressionado e não poderia fazer algo muito drástico contra María Corina, da forma como gostaria.
Mas acusá-la de tramar contra o governo foi a solução que acharam para isso. O governo está arrumando justificativas para adotar ações mais drásticas contra María Corina.

Como as denúncias se encaixam na situação atual do país, de crise econômica?
O medo é o propulsor de tudo isso. E, na realidade, quem manda na Venezuela é Cilia Flores, a mulher de Maduro. Para mim, tudo isso é um plano armado por Cuba. As denúncias fazem parte de uma estratégia de propaganda, dizer em todos os veículos de comunicação: "nós vamos prender essas pessoas".
A Venezuela está em uma situação econômica séria, e o governo está tentando ganhar tempo e credibilidade, principalmente diante das camadas mais pobres da população.

Quando foi a última vez que o senhor foi à Venezuela?
Em junho do ano passado, passei duas semanas. E, quando queria ir embora, quase não me deixaram sair, sem nenhuma justificativa. Perdi o voo. Agora, não posso voltar ao país.


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