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Banco HSBC pagará multa recorde por operações ilícitas
Quase R$ 4 bi serão repassados aos EUA; cartéis mexicanos estão entre os que lavaram dinheiro na instituição britânica
Transações ilegais entre 2001 e 2010 incluíram filiais no Brasil para contornar a fiscalização americana
O banco britânico HSBC, que atua em 85 países, anunciou ontem que pagará ao governo dos EUA US$ 1,92 bilhão (R$ 3,98 bilhões) em multas -um recorde- por operações ilícitas.
O acordo encerra um processo envolvendo lavagem de dinheiro para cartéis mexicanos, operações com países que Washington considera párias e transações com bancos ligados a grupos listados como terroristas pelos EUA.
As práticas, que ocorreram entre 2001 e 2010 sob vista grossa de alguns executivos, foram expostas em um longo relatório apresentado pelo Senado americano em julho e incluíram transações com a filial no Brasil para contornar a fiscalização americana. Como resultado, o então diretor de regulamentação do HSBC, David Bagley, se demitiu.
O novo acordo prevê que, em cinco anos, o HSBC reestruture suas operações de supervisão e simplifique sua estrutura para evitar erros.
Entre outras medidas, o banco vai fazer uma triagem em seu portfólio de clientes -operação que, só na primeira fase, deve custar ao HSBC US$ 700 milhões até 2018, afirmou o grupo em nota.
"Aceitamos a responsabilidade pelos erros do passado, já dissemos que estamos profundamente sentidos e o dizemos novamente agora", declarou o executivo-chefe do banco, Stuart Gulliver.
"O HSBC de hoje é fundamentalmente diferente daquele que cometeu esses erros. Nos últimos dois anos, sob nova liderança, tomamos passos concretos para consertar o que estava errado e cooperar com as autoridades para tratar dessas questões."
O relatório do Senado -e o acordo de ontem- coroam uma complexa investigação que envolveu o Departamento da Justiça, a Procuradoria de Manhattan, agências reguladoras bancárias e o Departamento do Tesouro.
O banco respondeu a quatro queixas: falha em manter um programa eficaz contra a lavagem de dinheiro; falha em monitorar devidamente suas filiais estrangeiras; violações de sanções internacionais e violações da Lei contra o Comércio com o Inimigo.
Esta última proíbe empresas com jurisdição nos EUA de manterem transações com pessoas, instituições ou governos vetados pelo governo.
Para o chefe da divisão criminal do Departamento da Justiça, Lanny Breuer, o HSBC "está respondendo por falhas chocantes de supervisão". "Pior, [falhas] que levaram o banco a permitir que narcotraficantes e outros lavassem centenas de milhões de dólares por suas subsidiárias", disse em comunicado.