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País vive nova onda de violência sectária às vésperas de pleito

Sunitas e xiitas retomaram ataques em 2011; 130 civis foram mortos desde início de março

DO ENVIADO A BAGDÁ

Desde que a Folha chegou a Bagdá, na segunda-feira, 4 de março, 130 civis iraquianos foram mortos de maneira violenta, vítimas da segunda onda de disputa sectária que toma o país desde a invasão de 2003. Outros 134 foram feridos.

Eles se juntam a um grupo que, só em 2013, já passa dos 2.000. Um deles é Hyder Hasson, 18. No dia 28 de fevereiro, na avenida que cruza Al Shola, na periferia de Bagdá, e divide uma comunidade xiita de uma sunita, ele assistia a um jogo de futebol. Jogadores e plateia eram xiitas.

No campo de terra, estavam dois times amadores de amigos dele. No meio do jogo, Hasson ouviu um estouro. Ele e todos os outros olharam para trás e viram um carro-bomba explodido.

Antes que pudessem voltar a atenção de volta para o jogo, um suicida com um colete de explosivos já estava no meio do campo.

Depois de gritar Allahu Akbar (Deus é o maior, em árabe), ele puxou o detonador, se matando e a 24 dos jogadores e plateia. Eram meninos entre 15 e 24 anos.

Hasson sobreviveu e conta a história à Folha. Nos memoriais improvisados, há fotos de todos os mortos. Num deles, as luvas do goleiro estão com as pontas dos dedos queimadas.

No lado oposto do campo, a banda sunita da avenida, a trave está intacta. No lado onde a maior parte das mortes ocorreu, a banda xiita, a trave está torta como um grande canudo usado de refrigerante. Originalmente branca, traz marcas de sangue.

O menino levanta a calça do abrigo: há uma ferida ainda aberta da explosão na perna esquerda. Ele levanta a blusa do abrigo e mostra cicatrizes antigas no braço esquerdo. Hasson é um sobrevivente duplo: quando era mais jovem, estava presente em outro ataque suicida, que não o matou.

INSURGÊNCIA

Até a queda de Saddam Hussein, em 2003, as duas comunidades viviam lado a lado em relativa harmonia. Os ataques começaram durante o auge da insurgência contra a presença americana, entre 2005 e 2007. Xiitas atacavam sunitas, que atacavam xiitas; eventualmente, os dois lados se aliavam para atacar o invasor.

Com a saída dos americanos, no fim de 2011, extremistas ligados à Al Qaeda do lado sunita retomaram os ataques. Milícias do lado xiita voltaram a retaliar. E grupos em ambos os lados usam de rapto e sequestro para o financiamento de armas.

A situação tende a piorar conforme se aproximam as eleições municipais de abril. Em Nínive, província de maioria sunita no norte do país, 14 pré-candidatos retiraram sua candidatura, e 150 funcionários eleitorais revelaram ter recebido ameaças.


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