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Carona no protesto

Folha acompanhou, num ônibus desviado, grevistas que foram à prefeitura pressionar por reunião com Haddad

ALAN SANTIAGO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Vamos mostrar para eles que as garagens estão unidas", disse o motorista Edmilson dos Santos, 46, há 24 na profissão.

Enquanto impediam a saída de veículos para as ruas e discutiam com colegas que queriam voltar a trabalhar, os grevistas da viação Santa Brígida avistaram a chegada de dois ônibus laranjas da viação Gato Preto, empresa "rival" no setor.

O objetivo da inusitada união era engrossar o grupo que iria até a Prefeitura de São Paulo pressionar por uma reunião com o prefeito Fernando Haddad (PT).

A Folha acompanhou a viagem, da zona oeste até o centro, junto com outros 60 grevistas. "Mas não pode fotografar a gente", alertou o condutor de um dos veículos logo no início.

De acordo com o SPUrbanuss, sindicato das empresas, os ônibus da Gato Preto haviam saído pela manhã para operar, mas acabaram desviados pelos grevistas.

Durante o trajeto, o manobrista Valter da Silva, 37, reclamava do sindicato: "Não cumpriram nada do prometido", disse. Os grevistas são contrários ao reajuste de 10% acertado com as empresas.

Do outro lado da rua, ia surgindo um ônibus da Gato Preto. Era a deixa para que os passageiros se apinhassem nas janelas. "Puxa saco!", gritavam para os colegas que haviam voltado ao trabalho, lembrando alunos durante uma excursão escolar.

Em resposta aos xingamentos, os motoristas e cobradores que trabalhavam nos ônibus que passavam ora acenavam, tentando amenizar, ora faziam cara feia.

Entre uma provocação a colegas em um ônibus vizinho e outra, o espírito combativo retornava, e os manifestantes discutiam alternativas caso Haddad não os recebesse. Circular sem cobrar passagem era uma delas; retomar a greve, outra.

As conversas eram interrompidas cada vez que um novo ônibus em operação aparecia. Os xingamentos não pararam nem depois da chegada à prefeitura.

Os veículos foram estacionados em outro lugar "para não atrapalhar o trânsito", disseram. Não foram mais vistos pela reportagem.

O fim da viagem não foi feliz para os grevistas: Haddad se negou a recebê-los.

Na Santa Brígida, que teve veículos danificados, a circulação foi retomada ainda pela manhã. Mesmo com o fim da greve, ônibus pararam na avenida Inajar de Souza após ter os pneus furados.


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