Em Paarl, na África do Sul, vinícola usa pato contra pestes

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SILVIO CIOFFI ENVIADO ESPECIAL À ÁFRICA DO SUL

Com mais de 100 mil hectares cultivados com videiras, a Província do Cabo Ocidental, na África do Sul, é referência para quem faz enoturismo.

Ali, a rota dos vinhos passa por estradas modernas que encerram paisagens idílicas, listando mais de 200 produtores. E é nessa região, cujos microclimas se assemelham aos do Mediterrâneo, que teve início a cultura da vinha e do vinho num território do chamado Novo Mundo.

A viagem tem início quando o avião chega à Cidade do Cabo, que, além de capital da Província do Cabo Ocidental, é a capital legislativa do país.

Emoldurada por uma cordilheira à beira-mar que tem na montanha da Mesa seu ápice, a cidade é rodeada por outros destinos onde, há séculos, foram introduzidos os primeiros vinhedos da África: Stellenbosch, Boeschendal, Franschoek e Paarl.

Além de ainda produzir o mítico Vin de Constance, Stellenbosch, é cercada de belas propriedades históricas.

O centro de Stellenbosch, cuja fundação remonta a 1679, pode ser percorrido a pé. Se a decisão for ficar hospedado na cidade, o bom é ficar próximo da velha universidade, erguida em estilo colonial do Cabo em 1866.

Referência para quem viaja atrás de bons vinhos e persegue os caminhos da boa mesa, o entorno também encerra inusitadas paisagens.

Se a decisão for mesmo ficar baseado no centro histórico de Stellenbosch, o quatro-estrelas Oude Werf é um hotel de charme cercado por lojas, bares e por diversos bons restaurantes.

Para experimentar bons vinhos --e boa comida-- um bom local é o 96 Winery Road Restaurant, referência de bistrô moderno em área quase rural, que tem desde entradas à base ostras a massas e suculentos steaks.

Ainda ali no entorno, a produtora Waterford Estate --a terminologia "estate" é usada para indicar produtores de vinhos que plantam as próprias uvas-- planta 11 tipos de uvas diferentes e é referência de bons tintos produzidos com a casta cabernet sauvignon.

Outro importante produtor na região é a Rust en Vrede, fundada em 1694 e também com status de Estate.

ALTERNATIVA

Localizada na região conhecida como Western Cape, Paarl é outra das cidades da Província do Cabo identificadas com a vitivinicultura.

Foi ali que o grande líder anti-apartaheid Nelson Mandela foi libertado em 1990, depois de ter ficado preso por 27 anos, inicialmente na ilha de Robben e, depois, num cárcere localizado em Drakenstein.

Hoje, o local onde ele ficou preso é guardado por uma estátua de bronze com a sua figura serena e sorridente.

É nesses arredores que estão algumas vinícolas mais "alternativas" da África do Sul, caso da Avondale, que fica numa fazenda histórica.

Ali, no vale de Paarl, são produzidos vinhos orgânicos e biodinâmicos e, no lugar de pesticidas, seu proprietário usa patos que comem caracóis, além de outras técnicas bem pouco ortodoxas. A fermentação das uvas é natural e seu proprietário Johnathan Grieve costuma dizer que produz "slow wines".

Além de produtores artesanais, a região do Cabo abriga gigantes da indústria vitivinícola, com destaque para a Nederburg, do grupo Distell, que produz vinhos desde 1791.

A sede principal também fica próxima a Paarl, entre o rio Berg e a montanha de Paarl, e tem 49 hectares. A fermentação a frio transformou essa vinícola em líder de mercado na África do Sul.

Melhor época: a colheita é em março e há vários eventos no país para comemorar
Cidade de Stellenbosch (a 50 km da Cidade do Cabo)
Klein Constantia: degustação custa 30 rands (R$ 6); kleinconstantia.com
Groot Constantia: degustação custa 40 rands (R$ 8); grootconstantia.co.za
Oude Werf Hotel: diária a partir de 925 rands (R$ 190); oudewerfhotel.co.za
96 Winery Road Restaurant: 96wineryroad.co.za
Rust en Vrede: rustenvrede.com
Avondale: degustação por 50 rands (R$ 10); avondalewine.co.za
Nederburg: nederburg.com
Teresa Perez: teresaperez.com.br
Cidade de Paarl (a 60 km da Cidade do Cabo)