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DENIS CISMA denis@cisma.com.br

Alma aventureira

A Kombi refletiu as luzes dos cassinos de Las Vegas e ficou diminuta perto das sequoias do parque Yosemite

Existem carros que têm alma. Dentre as mais de 1,5 milhão de Kombis fabricadas no Brasil, há uma muito especial.

Ricardo Poli está restaurando um modelo 1969, com motor 1.500, que pertenceu ao seu avô José Freire Poli.

José a comprou zero-km pensando numa baita aventura: viajar por seis meses de São Paulo até as cataratas do Niágara, divisa do Canadá com os EUA.

É difícil de acreditar que uma viagem de mais de 25.000 km --e só com o auxílio de mapas-- tenha sido feita em 1970 por um escrevente recém-aposentado de 52 anos e por sua mulher, Geralda. Mas Ricardo tem fotos para provar.

A Kombi de José foi customizada por um parente marceneiro, o Sadao, que instalou maleiros, um protótipo de geladeira, fogãozinho a gás, pia e uma mesa escamoteável.

Os avós de Ricardo passaram pela América do Sul, cruzaram o canal do Panamá e a América Central e chegaram ao México a tempo de assistir o Brasil vencer a Inglaterra na Copa do Mundo.

A Kombi atravessou a ponte Golden Gate em San Francisco, refletiu as luzes dos cassinos de Las Vegas e ficou diminuta perto das sequoias do parque Yosemite e do Grand Canyon.

Seguiram para o leste e chegaram às cataratas. O plano inicial era descer a Costa Leste, mas ficaram sabendo que a primeira neta tinha acabado de nascer. Aceleraram para Nova York, se perderam no Bronx e conseguiram embarcar a Kombi de volta para o Brasil.

Depois, foi a vez do pai de Ricardo, Paulo Afonso, usar a Kombi em inúmeras viagens a Guarapari (ES), onde acampava com a criançada.

Em 1985, a Kombi foi colocada de lado para viagens com outros carros mais modernos. O carinho por ela impediu que fosse vendida, mas não que fosse esquecida sem muitos cuidados por 28 anos em uma garagem fechada. Em 2013, foi resgatada pelo neto Ricardo, que iniciou uma restauração criteriosa.

Justo. Se existe uma Kombi que merece voltar aos tempos de glória, é essa.


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