Curta carreira do saxofonista Charlie Parker, morto aos 34, mudou o jazz

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

A figura do músico genial que acaba destruído pelas drogas pode ser um clichê do rock, mas seu representante mais bem-acabado é encontrado nas enciclopédias de jazz. O saxofonista Charlie Parker (1920-1955) foi tratado como divindade musical, mas morreu num inferno pessoal de álcool e heroína.

Parker é a estrela do nono volume da Coleção Folha Lendas do Jazz, que chega às bancas no próximo domingo (14). O repertório predominantemente autoral do CD que acompanha o volume é uma amostra do talento do maior improvisador do jazz.

Numa carreira de apenas 20 anos, ele criou nos anos 1940 o bebop, estilo que veio para afrontar o jazz tradicional com muito mais complexidade harmônica.

No livro que narra sua trajetória artística e pessoal, nem tudo é agradável. O vício da heroína, que começou a usar aos 16 anos, levou Parker a passagens humilhantes, de tentativas de suicídio a internação em sanatório.

Quando morreu, aos 34 anos, a causa oficial foi pneumonia, mas seu corpo estava debilitado pelas drogas. O legista chegou a apontar em seu relatório que a idade presumida do morto era 53 anos.

Nos últimos anos de vida, sua aura de gênio do saxofone só aumentava. A ponto de músicos de talento reconhecido não gostarem de tocar a seu lado, sentindo-se pressionados pelo brilho de Parker.

"Bird", como foi apelidado, transformou-se em ídolo da geração beatnik nos anos 1950, comparado a um Buda pelo escritor Jack Kerouac.

Charlie Parker permanece como um ídolo perfeito para seguidas gerações de inconformados.

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