'Ela era enérgica e era encantadora', diz Domingos Oliveira sobre Tônia Carrero 

Cineasta e dramaturgo dirigiu e escreveu a peça 'A Volta por Cima' 

Tônia Carreiro aos 82 anos, no Rio de Janeiro - Pedro Carrilho
São Paulo

O cineasta e dramaturgo Domingos Oliveira, 81, que dirigiu Tônia Carrero em "A Volta por Cima" —escrita pelo próprio em 1982— não economiza no entusiasmo e nos elogios ao falar da atriz, que morreu neste sábado (3), aos 95 anos.  

"Ela era enérgica e era encantadora. Quem conheceu, não esquece. Era uma figura inesquecível. Era um amor de pessoa. E linda, linda, linda. Mas a gente tinha medo dela por causa do poder que ela exercia. Ninguém segurava ela", diz à Folha

Oliveira lembra que, durante um ensaio da peça, Tônia não conseguia acertar o tom de uma das cenas. "Repetimos seis, sete vezes. Ai uma hora ela falou: 'Domingos, eu não estou entendendo, você faz para mim, que eu te copio'. Ai eu disse: 'Eu não posso fazer. Um absurdo uma estrela do seu tamanho copiar o diretor'. No fim ela me respondeu: 'Mas faz ai, se eu não gostar, eu não copio, não'"​, lembra, aos risos. 

Considerada um dos ícones da televisão e do teatro do país, Tônia morreu aos 95 anos ao sofrer uma parada cardíaca durante uma cirurgia. 

Ela estava internada na clínica São Vicente, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, desde a última sexta-feira. Ela deixa um filho, Cecil  Thiré, quatro netos (Carlos, Luiza, Miguel e João) e bisnetos. 

O diretor e cineasta Domingos de Oliveira, em 2014, quando lançava sua autobiografia - Paula Giolito/Folhapress

REPERCUSSÃO 

Desde que a morte foi anunciada, atores e diretores, que trabalharam com a artista ou não, têm prestado homenagens em redes sociais. 

"Tônia minha amada: R.I.P. e vá em paz. Eu te dirigi em 'Quartett' de Heiner Müller —premiere brasileira com o fabuloso Sergio Britto— em 1986, no teatro Laura Alvim, Rio. Você veio ver a minha estreia americana com a Crystal Field e o George Bartenieff no Theater for the  New  City, em Nova York. O resto é história. E quantas histórias, Tônia! Quantas milhões de gargalhadas, quantas noitadas, quantas tragédias e quantas lágrimas não derramamos. Fique em paz finalmente, meu amor. Aos prantos e aos risos, como sempre", escreveu o diretor Gerald Thomas em seu blog. 

Em seu blog, o ator e diretor Eduardo Wotzik escreveu que Tônia "quebrou todos os paradigmas para fazer nascer um novo jeito de ser mulher". "Participou ativa e incansavelmente de todos os movimentos de transformação da sociedade brasileira. Uma mulher curiosa, transbordando vida e juventude. Tônia era jovem. Muito jovem. Sempre jovem. Me ensinou que a fonte da juventude é manter a curiosidade." 

Já a atriz Leandra Leal disse em seu Instagram que Tônia foi uma das mulheres mais incríveis que já passaram pelas telas e pelos palcos do país. "Seu brilho está eternizado em cada personagem, cada emoção, cada vez que você mostrou a força de ser mulher", escreveu. 

O ator Cadu Moliterno, que atuou com a artista em "Água Viva", novela de Gilberto Braga exibida pela Globo em 1980, também lamentou a morte de Tônia na mesma rede social. "O Brasil perde uma grande estrela! Tive a honra e o privilégio de trabalhar [com ela] em 'Água Viva'."

Também no Instagram, a atriz Larissa Maciel lembrou-se de um comercial de um creme hidratante protagonizado por Tônia. "Quantas vezes fiquei admirada frente à televisão, vendo Tônia Carrero. Achava ela linda e tão elegante. Todo domingo ela fazia propaganda de um hidratante no 'Os Trapalhões'. E eu depois ia tomar banho e imitava a Tônia passando creme, de pernas cruzadas, rs... Obrigada Tônia por ter me encantado tantas vezes. Brilhe muito lá no céu, como a grande estrela que és."

Nesta Folha, o colunista Ruy Castro escreveu que Tônia "foi uma das grandes belezas de seu tempo e talvez a mais bonita do mundo na primeira metade dos anos 50."  

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