Experiências pessoais estão na linha de frente de documentários

Entre os indicados, está o primeiro transgênero a disputar um Oscar

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Los Angeles
Agnès Varda, 89, a mais velha pessoa a concorrer ao Oscar - Mario Anzuoni/Reuters

Experiências pessoais dominam a categoria de documentários. Entre os indicados, estão o primeiro transgênero a disputar um Oscar, Yance Ford, com “Strong Island”, e a pessoa mais velha a concorrer à estatueta dourada, Agnès Varda, com 89 anos.

Varda, uma das precursoras da nouvelle vague, divide direção, roteiro e narração de "Visages, Villages" com o artista francês JR, conhecido pelas intervenções urbanas mundo afora, incluindo projetos no Rio de Janeiro.

Juntos, percorrem vilarejos tirando o retrato de gente comum e colando em grande escala em locais inusitados, como três mulheres em contêineres, num estaleiro onde a presença feminina é proibida.

"Sou feminista e combinei com JR de fazer as mulheres ainda maiores do que o normal. E os trabalhadores da doca gostaram, nos ajudaram", disse Varda, primeira diretora a receber o Governors Award, prêmio honorário da Academia, em novembro.

"JR trabalha numa direção de que gosto muito e minha filha teve a ideia de nos apresentar. Nos demos tão bem que nossa relação virou parte do filme", disse, num evento do Oscar em Los Angeles.

Outro diretor cuja vida toma as telas é Bryan Fogel em "Ícaro". Ele começa se dopando para ganhar corridas de bicicleta e termina revelando o maior esquema de doping da história, com ajuda de um médico russo que hoje vive escondido sob proteção do governo americano.

"Aprendi que falar a verdade nem sempre nos liberta. Nada, absolutamente nada, aconteceu. Não teve punição, atletas russos seguem competindo", disse Fogel.

Em "Strong Island", o diretor conta a luta para entender como seu irmão de 24 anos foi assassinado por um branco nunca julgado. "Espero que minha presença no tapete vermelho sirva de exemplo às crianças", disse Yance Ford sobre ser transgênero.

Os outros concorrentes são "Last Men in Aleppo", sobre um grupo civil de resgate cujo diretor sírio acabou preso e torturado, e "Abacus: Small Enough to Jail", sobre o único banco a sofrer acusações criminais na crise de 2008.

CURTAS

Entre os curtas, o destaque são os personagens fortes, como três mulheres que salvam vidas em "Heroína(s)" e a artista que sofre de doenças mentais em "Heaven is a Traffic Jam on the 405".

Outros trazem dramas raciais, tema frequente em várias categorias deste ano.

"Traffic Stop" aborda violência policial na história de uma professora negra, e "Edith + Eddie" fala sobre um casal birracial, ela negra, de 95 anos, e ele branco, 96.

Já "Knife Skills", que trata de um restaurante cujos funcionários são ex-presidiários, "é sobre a longa, mas possível, estrada para a recuperação", definiu o diretor, Thomas Lennon.

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