​Das poucas certezas que se tem sobre a Academia é que, pelo menos no prêmio de figurino, o Oscar vai para um grupo seleto de profissionais.

É assim desde o início dos 2000 e, com a indicação dupla de Jaqueline Durran, responsável pelos armários do bilionário "A Bela e a Fera" e do histórico "O Destino de uma Nação", fica difícil qualquer zebra chegar perto.

Se Luís Sequeira ganhar por "A Forma da Água", será raríssimo ponto fora da curva em uma categoria cujos vencedores se valorizam pelo trânsito nos estúdios.

O olhar aguçado do português para o uso de diferentes tons de azul nas sequências não deve ser páreo para o trio parada dura que enfrentará.

Esta é, por exemplo, a terceira tentativa de Consolata Boyle de ganhar uma estatueta. Indicada neste ano por "Victoria e Abdul", a irlandesa já concorreu por "A Rainha" (2006) e "Florence: Quem É Essa Mulher" (2017).

O fato de não ter levado o prêmio no ano passado ameaça o provável segundo Oscar de Durran, vencedora por "Anna Karenina" (2013).

O americano Mark Bridges, outro oscarizado da lista (levou por "O Artista" em 2012), merecia mais uma estatueta pelo impecável trabalho de construção neste que é o "filme fashion" do ano --e também por ter feito Daniel Day-Lewis aprender a costurar um vestido do estilista Cristóbal Balenciaga (1895-1972) no último longa de sua carreira.

Ponto comum a todos os indicados é o guarda-roupa de época, uma mania de Hollywood poucas vezes furada por algum armário original.

A vasta pesquisa histórica e a execução minuciosa que demandam "blockbusters" ambientados no passado faz a cabeça do júri, que enxerga mais o quão suntuoso um vestido pode ser do que o senso de criatividade do figurinista em toda a obra.

Exceção recente foi Jenny Beaven que, com o armário apocalíptico de"Mad Max: Estrada da Fúria", levou para casa sua segunda estatueta.

Beaven, como Durran, é outro nome recorrente na categoria de figurino. Sandy Powell (três Oscar), Catherine Martin (quatro) e Colleen Atwood (quatro) completam a lista de queridinhas dessa que já se tornou a seção mais previsível e monótona da história da premiação.