Descrição de chapéu Oscar

Oscar contempla tramas com mulheres dirigidas quase todas por homens

Movimentos que se tornaram o símbolo da resistência feminina  podem influenciar vários prêmios

Sandro Macedo
São Paulo
Estátua em Hollywood alude aos casos de assédio de Harvey Weinstein - Frederic J. Brown/AFP

"Moonlight", "Spotlight", "Birdman", "12 Anos de Escravidão", "Argo". Os últimos vencedores do Oscar têm uma coisa em comum: nenhum deles tinha uma mulher como protagonista. Olhando mais para trás a lista pode se estender até "Menina de Ouro" (vencedor em 2005), no qual Hilary Swank dividia a cena com Clint Eastwood.

Isso pode mudar neste domingo (4), quando disputam o Oscar longas com personagens femininas fortes, como "A Forma da Água" (13 nomeações), "Três Anúncios para um Crime" (7) ou "Lady Bird: A Hora de Voar" —também escrito e dirigido por uma mulher, Greta Gerwig.

Como outras premiações desta temporada, o Oscar —concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que tem uma mulher, Dawn Hudson, como presidente— será marcado também pelo que aconteceu fora das telas, com a revelação de vários casos de assédio sexual —com o superpremiado Harvey Weinstein como principal nome.

Movimentos como #MeToo e Time's Up se tornaram o símbolo da resistência feminina e podem influenciar vários prêmios... ou discursos.

Os protestos, aliás, já começaram em Los Angeles, com uma grande estátua dourada de Weinstein sentado em um sofá, de robe, segurando um Oscar. Abaixo, a inscrição "casting couch" (aludindo ao infame e difundido "teste do sofá").

Polêmicas à parte, o Oscar chega com alguns franco favoritos, nomes certos em nove entre dez bolões.

Nas categorias de atuação, Gary Oldman (ator, por "O Destino de uma Nação"), Frances McDormand (atriz, por "Três Anúncios para um Crime"), Sam Rockwell e Allison Janney (coadjuvantes de "Três Anúncios" e "Eu, Tonya", respectivamente) são apostas seguras. Todos ganharam Globo de Ouro, Bafta e, principalmente, o SAG (prêmio do sindicato dos atores).

A categoria mais aberta aqui é a de atriz coadjuvante, na qual Laurie Metcalf corre por fora por "Lady Bird".

Para direção, pode cravar em Guillermo del Toro, que deve levar o quarto Oscar em cinco anos para o México, por "A Forma da Água".

O veterano James Ivory, 89, é o favorito para roteiro adaptado. Já a categoria de roteiro original pode definir o bolão.

Cuidado. "Corra!" é queridinho de boa parte dos críticos, mas "Lady Bird" daria a estatueta para Greta Gerwig —virtualmente derrotada em direção. E tem ainda "A Forma da Água" e "Três Anúncios para um Crime". Escolha qualquer um e torça.

Nas categorias técnicas, a Academia pode finalmente consagrar Roger Deakins, diretor de fotografia que já perdeu 13 vezes e concorre por "Blade Runner 2049".

Quesitos como edição de som, mixagem de som, montagem e afins devem premiar, com justiça, a excelência técnica de "Dunkirk".


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