As estações do ano são como as fases da vida em um ciclo contínuo. Tais rituais de passagem inspiraram o italiano Antonio Vivaldi (1678-1741) a compor “As Quatro Estações”, peça que fundamenta o oitavo volume da Coleção Concertos e Óperas para Crianças, que chega às bancas no próximo domingo (8).
A obra vivaldiana traduz em termos musicais fenômenos naturais como a chuva, o vento, a queda de folhas e o som dos animais.
Aborda ainda emoções ligadas ao vaivém anual desses períodos, o que se torna uma oportunidade para o pequeno leitor refletir sobre a passagem do tempo, o encerramento de ciclos e os recomeços característicos da natureza.
O enredo narra a chegada das estações: primavera, verão, outono e inverno. Na primeira, o pastor leva seu rebanho de cabras para comer no campo. Quando vem o verão, busca alívio para o calor sob as sombras. Já o outono é a época de caça e colheita de uvas, enquanto o inverno traz o frio e o bater dos dentes. Mas é só a primavera retornar que tudo começa outra vez.
“A ideia da obra é realmente descrever cada estação do ano; para tanto, Vivaldi colocou na partitura sonetos, que exprimem em palavras aquilo que ele traduziria em sons”, explica Irineu Franco Perpetuo, jornalista e curador desta Coleção Folha. O que, segundo ele, traz o apelo melódico e a teatralidade que são as marcas do compositor.
Adaptação
O oitavo volume é baseado no balé que adapta os quatro concertos compostos por Vivaldi em 1723. As peças foram inspiradas em poesias que descreviam as estações.
O concerto não foi criado para dança, mas seu ritmo e expressão ajudam a transposição. A versão mais bem-sucedida foi a do coreógrafo francês Roland Petit (1924-2011), na década de 1970.
Esta edição da Coleção Folha inclui uma versão da história adaptada para o pequeno leitor, passatempos e um CD com oito faixas interpretadas pela Orquestra de Câmara Sueca-Örebro, regida pela violinista sueca Katarina Andreasson. O livro explica a relação entre as músicas e os trechos da história.
Apesar de sua fértil produção (compôs ao menos 500 concertos), “As Quatro Estações” foi uma peça que quebrou os padrões da época e atravessou os séculos.
Ela foi adaptada para todas as formas de arranjos e aparece em incontáveis filmes e propagandas televisivas. Mesmo quem não conhece música clássica talvez já as tenha ouvido de modo acidental.
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