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Projeto de leituras encenadas homenageia García Lorca

Nos 120 anos do escritor, 7 Leituras reúne textos do espanhol

MLB
São Paulo

São Paulo"‚A intolerância que levou ao fuzilamento do poeta espanhol Federico García Lorca em 1936, durante a guerra civil do país, talvez tenha ecos na intransigência vista hoje vista no Brasil e no mundo, comenta a diretora Eugênia Thereza de Andrade.

Não à toa, é ao escritor, cujos 120 anos são celebrados em 2018, que se dedica a 12ª edição do 7 Leituras, projeto de leituras encenadas concebido e dirigido por Eugênia. "Eu tenho paixão por Lorca. Era um grande poeta e um poeta popular", afirma a encenadora.

O poeta espanhol Frederico García Lorca, morto em (1898-1936) - Reprodução

A primeira sessão deste ano acontece nesta terça-feira (22), com uma apresentação de "Bodas de Sangue", dirigida por Aimar Labaki e com nomes como Adriana Londoño, Clovys Torres, Jorge Neto e Maíra Dvorek no elenco.

A tragédia integra uma trilogia formada ainda por "Yerma" e "A Casa de Bernarda Alba", que também serão encenadas dentro do projeto.

Há em "Bodas de Sangue" (1932) --que trata de dois homens desejosos da mesma mulher-- os temas recorrentes à obra de García Lorca: a violência, a angústia, o fatalismo, o simbolismo e a paixão.

Depois de Labaki, Caetano Vilela, Eugênia, Kiko Marques, Marco Antônio Pâmio, Mika Lins e Roberto Alvim dirigem as demais leituras encenadas, que contarão com acompanhamentos musicais de Beto Angerosa (percussão) e Tomas Howard (guitarra), com ritmos flamencos e algumas composições do próprio García Lorca.

Também novidade neste ano, o ator Diego Machado fará introduções às sessões. Na pele do escritor espanhol, interpretará alguns poemas.

Esta é a segunda vez que o 7 Leituras dedica um ano inteiro a um único autor --Shakespeare foi o tema em 2013.

Geralmente, as edições são voltadas a um assunto da atualidade. No ano passado, quando se celebrou o centenário da Revolução Russa, foram escolhidos autores do país.

Em 2016, a temática foi a justiça. "Antígona", de Sófocles, "O Inimigo do Povo", de Ibsen, e "A Pena e a Lei", de Ariano Suassuna, estavam entre os escritos selecionados.

As apresentações do projeto não têm a linguagem tradicional de leituras encenadas. "Quando começamos, pensei: como eu poderia fazer uma leitura que eu suportasse ver?", lembra Eugênia.

Assim, os trabalhos não se restringem a atores lendo o texto. Não são espetáculos finalizados, mas há alguma ambientação cênica e elementos de figurino e luz.

"Queria fazer de um jeito que tivesse a organicidade do teatro", afirma a diretora-geral do projeto. "Tem que ter ensaio, pelo menor três."

A baiana Eugênia, 78, que conviveu com com Glauber Rocha e João Ubaldo Ribeiro nos seus anos de estudante, durante a década de 1960, começou o projeto incentivada pela filha Mika Lins, também atriz e diretora.

Imaginava de início que as sessões não teriam público. "Achava que um projeto de leituras não iria para frente."

Hoje o 7 Leituras contabiliza, nas últimas 11 edições do projeto, cerca de 11.400 espectadores, com produções realizadas por 37 diretores (entre eles Zé Celso, Luis Damasceno, Francisco Carlos e Marco Antônio Pâmio) e 416 atores.

O ciclo segue até o fim do ano, com apresentações mensais, sempre às terças-feiras no teatro do Sesc Consolação.

Bodas de Sangue

  • Quando Ter. (22), 19h30
  • Onde Sesc Consolação - Teatro Anchieta, r. Dr. Vila Nova, 245, São Paulo
  • Preço grátis (retirada na bilheteria a partir das 18h30)
  • Classificação 14 anos
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