Bastante original, programa da Osesp mostra gênese de Mozart e Beethoven

Com regência de Louis Langrée, evento traz origens dos compositores a partir desta quinta (7)

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quadro do compositor mozart quando criança
Pintura de autor desconhecido de Mozart (1756-91) aos seis anos, em Viena - Reproduçao
São Paulo
"Origens poéticas e fases finais" é o título de um célebre capítulo escrito por Harold Bloom. Outro grande crítico literário, Edward Said (1935-2003) deu a dois diferentes livros os títulos "Beginnings" e "Estilo Tardio".

Há segredos especiais tanto nos "inícios" —a "encarnação poética", no dizer de Bloom— como nas "fases derradeiras" dos autores de peso, mas, no caso da música clássica, as obras finais são, em geral, as mais privilegiadas.

Em seus 35 anos de vida, Mozart (1756-91) escreveu 41 sinfonias. A mais conhecida é a n.40 e, para além dela, algumas poucas, como as n.35 ("Haffner"), n.36 ("Linz"), n.38 ("Praga") e a n.41 ("Júpiter").

Uma geração mais jovem, Beethoven (1770-1827) revolucionou o gênero e apontou para o futuro com suas 9 sinfonias. Destas, ao menos 5 ("Terceira", "Quinta", "Sexta", "Sétima" e "Nona") são muitíssimo executadas, e trechos como o primeiro movimento da n.5 e o movimento final da n.9 tornaram-se "clássicos populares".

Mas, como esses grandes músicos começaram? Como soam suas obras de estreia no gênero? Como são as "primeiras sinfonias" de Mozart e Beethoven?

Em programa bastante original, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) justapõe nesta semana (de quinta a sábado) as origens poéticas dos dois compositores.

O regente será o francês Louis Langrée, um dos maiores especialistas da atualidade nesse repertório.

Gestada em Milão e no interior da Alemanha, a sinfonia clássica tomou forma no século 18 com Joseph Haydn (1732-1809), que trabalhava nos arredores de Viena. Ao longo da vida, ele escreveu ao menos 104 obras com esse título.

Composta um tanto apressadamente aos 29 anos de idade, a "Primeira" de Beethoven é obra de um pianista virtuose que buscava consolidar seu nome como compositor em Viena.

A introdução lenta e dissonante deve ter agradado Haydn (seu professor direto), e o movimento final merece ser ouvido com atenção especial. Misto de imaturidade com garra, a orquestração dos 4 movimentos carrega demasiadamente nos sopros.

Já a "Sinfonia n.1" de Mozart é praticamente desconhecida do público. Foi escrita em Londres aos 8 anos de idade, durante uma tour de três anos em que pai e mãe exibiram os dotes prodigiosos do jovem Wolfgang Amadeus e de sua irmã mais velha.

De forma quase ingênua, o menino-compositor conecta uma frase de arpejo, agitada por nota repetida, com uma textura coral, de notas longas. São três movimentos curtos, como nas antigas sinfonias de Haydn.

A n.1 já carrega, entretanto, o senso teatral, o típico contraste entre materiais que se tornaria marcante em obras maduras.

Foi em Londres, também, que o jovem Mozart conviveu com Johann Christian (1735-82), filho caçula de Johann Sebastian Bach (1685-1750).

Para além da "encarnação poética" de Mozart e Beethoven, o programa da Osesp traz também obras de Kodály (1882-1967) e Shostakovich (1906-75) com solo do pianista escocês Steven Osborne.

Osesp


 

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