Descrição de chapéu

'Berenice Procura' mantém o suspense até o fim e atrai curiosidade do espectador

Filme é baseado em romance policial do professor de psicanálise Luiz Alfredo Garcia-Roza

Naief Haddad

'Berenice Procura'

  • Quando Estreia nesta quinta (28)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Cláudia Abreu, Eduardo Moscovis, Valentina Sampaio
  • Produção Brasil, 2016
  • Direção Direção: Allan Fiterman

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O cinema brasileiro parece ter, enfim, descoberto os romances policiais de Luiz Alfredo Garcia-Roza.

Professor de psicanálise por décadas, ele estreou na ficção aos 60 anos com "O Silêncio da Chuva", livro de 1996.

Desde então, o autor carioca lançou 11 romances, que formam o que há de melhor na literatura policial brasileira da atualidade.

Desse conjunto de obras, só "Achados e Perdidos" havia chegado aos cinemas, sob a direção de José Joffily, em 2005.

Agora "Berenice Procura", filme baseado no seu sexto romance, entra em cartaz. Além dele, "O Silêncio da Chuva" e "Vento Sudoeste" devem ser adaptados para o cinema.

"Berenice Procura" é o único dos seus livros que não tem o delegado Espinosa como protagonista. Por outro lado, como nos demais romances, as principais ações se passam em Copacabana.

No filme, aliás, o bairro é visto sobretudo a partir do táxi conduzido por Berenice (Cláudia Abreu).

A obsessão dela pelo trabalho está associada à ruína familiar. No apartamento de decoração esmaecida, Berenice mal conversa com o marido, o repórter de TV Domingos (Eduardo Moscovis), e se mantém alheia às descobertas do filho adolescente, Thiago (Caio Manhente).

Apesar do mal-estar, não se notam sinais de mudança na rotina da taxista até que um crime na praia deixa as relações sob nova perspectiva.

Perdem-se camadas de sutileza na transposição da literatura para o cinema, o que não impede o filme de manter o suspense até o fim e de atrair a curiosidade do espectador pelo destino dos personagens centrais.

Diretor bem-sucedido na teledramaturgia da Globo, Allan Fiterman acerta ao optar pela reverência à obra de Garcia-Roza, sem buscar reinventá-la numa adaptação de tom mais autoral.

Fosse um autor mais utilizado pelo cinema, inovações de linguagem e de roteiro talvez viessem a calhar.

Além disso, há afeto no olhar de Fiterman para Copacabana, mas não uma tentativa de edulcorar o tradicional bairro, o que evidentemente soaria artificial.

Por fim, o diretor sabe como conduzir seu elenco.

Cláudia Abreu e Caio Manhente estão bem, mas quem chama mesmo a atenção é Eduardo Moscovis como um embrutecido repórter de um programa policialesco —mérito também do próprio ator.

O desempenho da atriz transgênero Valentina Sampaio é outro trunfo.

Garcia-Rosa merece mais e melhores visitas do cinema à sua obra, mas o filme de Fiterman já é uma boa notícia.

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