Para mostrar sua força, o 32º Cinema Ritrovato traz ninguém menos que Martin Scorsese para apresentar "Enamorada" na sessão de abertura na Piazza Maggiore, na noite deste sábado (23).
O filme é um dos pontos altos da grande era do cinema mexicano e reuniu María Félix e Pedro Armendáriz no elenco, sob a direção de Emilio Fernández, com fotografia de Gabriel Figueroa.
Será o início de uma semana de noitadas notáveis ao ar livre, que inclui entre outros "Rosita" (1924), o primeiro filme de Ernst Lubitsch nos EUA, e "Sétimo Céu" (1927), de Frank Borzage.
Entre os filmes pré-griffithianos da mostra, que vai até 1º de julho, o destaque fica mesmo com a Itália.
De Turim vêm "Nero" (1909) e "A Rainha de Nínive" (1911), ambos dirigidos por Luigi Maggi, curtas precursores dos grandes clássicos que o país produziu ainda antes da Primeira Guerra.
De Nápoles vem uma série de filmes cantantes (tipo de filmes em que cantores, atrás da tela, interpretavam canções que os atores mimavam).
A Rússia trará alguns dos primeiros filmes bolcheviques e outros tantos contrarrevolucionários; da França, promete-se um longa dos irmãos Lumière, "Vida de Cristo"; dos EUA, o pouco conhecido "Mulheres de Todas as Nações" (1931), de Raoul Walsh.
John M. Stahl é um dos cineastas mais audazes, mais radicais, entre os que passaram do mudo ao sonoro.
Dele só virá um mudo, "The Woman Under Oath" (1919). Mas Stahl estará bem representado por "Noite de Pecado" (1939), "Filhos" (1931), "Imitação da Vida" (1934), "Palheta da Vida" (1943) e "Amar Foi Minha Ruína" (1945).
De Ingmar Bergman se verá "Isto Não Acontecerá Aqui" (1950), raro filme noir do sueco, enquanto de Jacques Rivette vem "A Religiosa" (1966) um dos filmes mais cruelmente censurados de seu tempo.
Pulemos para um momento mais recente: "Tucker" (1988), um dos mais brilhantes trabalhos de Francis F. Coppola ganha nova chance de reconhecimento; "Cabaret" (1972), de Bob Fosse, deve ser confirmado como clássico do musical; "A Revanche do Monstro" (1955), de Jack Arnold, se fará ver na versão 3D.
Marcello Mastroianni ganha uma homenagem com alguns de seus filmes clássicos. Outra homenageada é a documentarista Cécile Decugis, mais famosa como montadora de Godard e Truffaut.
Tudo isso é uma parte pequena do que vai acontecer por lá. A edição de 2018 celebra o centenário do fim da 1ª Guerra Mundial em grande estilo. Em uma frase: Bolonha faz de tudo para se manter como lugar-chave na Europa da preservação, restauro e história do cinema.
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