Em segunda temporada, 'Work in Progress' retrata bastidores e dramas da Osesp

Série acompanhou preparação da orquestra para concerto com obra de Strauss, em 2017

Rafael Gregorio
São Paulo

Os bastidores da Osesp e sua preparação para um concerto são o tema da segunda temporada da série “Work in Progress”.

O primeiro episódio estreia na próxima quinta (19), no Canal Arte 1, e o último será exibido em agosto. A estreia foi adiada em uma semana por questões contratuais.

Após uma temporada dedicada ao Balé da Cidade, a atração criada e dirigida por Diego de Godoy e produzida pela Pródigo Filmes joga luz sobre as pessoas por trás do mais forte grupo sinfônico do país.

São ouvidas desde figuras ligadas à gestão, como o diretor artístico Arthur Nestrovski e o diretor-executivo Marcelo Lopes, a alguns músicos da Osesp —atualmente são 105 deles.

As câmeras também miram a rotina dos cerca de 180 funcionários dos diversos departamentos da orquestra: administrativo, jurídico, partituras, comunicação, manutenção...

Como é frequente no gênero documental, aproximar-se dos retratados foi um dos maiores desafios, diz Godoy.

“A gente foi muito bem recebido pela Marin [Alsop, regente da orquestra] e pelos músicos, mas foi necessário tempo para criar familiaridade”, ele afirma.

Essa construção de intimidade fica mais evidente, diz o diretor, conforme a série avança em seus seis episódios.

Godoy já conhecia o Balé da Cidade e a Osesp, e a iniciativa para filmá-los partiu, diz, do potencial dramático inerente aos bastidores de grupos artísticos como esses, de grande complexidade.

As gravações aconteceram durante 25 dias em outubro passado, quando o conjunto ensaiava “Uma Vida de Herói”, do alemão Richard Strauss (1864-1949).

Cada um dos seis capítulos mira um naipe da orquestra —cordas, sopros, metais e percussão e, por fim, o concerto.

A estreia da nova temporada se concentra na regente titular e diretora musical Marin Alsop, desde as impressões da americana ao chegar ao Brasil até suas relações com a cultura do país onde, diz, nunca havia cogitado trabalhar antes de receber o convite da Osesp, em 2010.

Além dos bastidores e da intimidade do conjunto, esse primeiro episódio é generoso sobre a função do regente.

Se músicos leem partituras, para que, afinal, um maestro?

Surgem observações de diversos personagens, mas mais explicativos são gestos de Alsop, como sua respiração ao reger um ensaio, as broncas em músicos distraídos e os pedidos da maestrina para realçar aspectos da interpretação.

O trabalho também esclarece curiosidades, como a função da batuta do maestro.

Ainda que não comprometam o alto nível da obra, alguns poréns merecem nota. Certas edições são por demais irrequietas, e a trilha em tom de suspense quase cansa.

A série também parece evitar determinadas divididas. Cita-se uma melhora no grupo após Alsop suceder John Neschling, de convívio e gestão criticados, mas, ao menos na estreia, ignora-se os porquês —o assunto é elaborado melhor ao longo dos capítulos seguintes, explicam os produtores.

E, neste primeiro capítulo a que a Folha assistiu, é pouco explorada a convivência complexa entre a sede imponente, a Sala São Paulo, e a degradação do entorno, com a cracolândia —o tema, relevante, é aprofundado no decorrer do trabalho, explica Godoy.

"A Sala São Paulo está inserida em uma região maravilhosa, mas, ao mesmo tempo, traz chagas sociais na sua porta: a cracolândia, a miséria", comenta Godoy. Ele completa: "A contradição entre a degradação social e o complexo arquitetônico e cultural de Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa e Estação da Luz era algo que a gente não podia deixar de abordar."

Work in Progress - Por Dentro da Osesp

  • Quando Quinta, (19), às 20h30
  • Onde Canal Arte 1
  • Classificação Livre
Erramos: o texto foi alterado

Após a publicação deste texto, a produção adiou a estreia, inicialmente prevista 12 de julho, para 19 de julho. O texto foi alterado.

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