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Após publicação de autor acusado de assédio, editor da New York Review of Books deixa cargo

Autor do artigo foi absolvido de acusações de assédio e agressão; versão online traz mea-culpa

Nova York

Ian Buruma, editor da revista The New York Review of Books, deixou nesta quarta-feira (19) o cargo após uma controvérsia provocada pela publicação do ensaio de um radialista canadense acusado de agredir física e sexualmente mulheres. ​

Ian Buruma, ex-editor da The New York Review of Books
Ian Buruma, ex-editor da The New York Review of Books - Folhapress

A New York Review of Books é conhecida por publicar resenhas de livros, ensaios e textos sobre temas como ciência, literatura, política e religião, entre outros.

A saída de Buruma, que ocupava o cargo desde o ano passado, foi confirmada ao jornal The New York Times por Nicholas During, da área de publicidade da revista. Ele não especificou se o editor renunciou ao posto ou se foi demitido.

O autor do ensaio que gerou a controvérsia é o radialista, músico e escritor Jian Ghosmeni. As queixas de cerca de 20 mulheres contra o canadense datam de 2016 e incluem acusações de tapas e sufocamento.

O texto de Ghosmeni consta na edição que estará disponível a partir de 11 de outubro e que inclui três ensaios na capa sob a manchete “A queda dos homens”. Uma versão on-line foi publicada na última sexta-feira, provocando reações imediatas.

Alguns leitores criticaram o tom de autoindulgência adotado e o fato de terem sido minimizadas as acusações contra o radialista canadense. Ghosmeni lamenta ser tratado como um pária “constantemente competindo com uma versão on-line maldosa de mim mesmo”.

Em entrevista na semana passada, Buruma defendeu a publicação do ensaio. Segundo ele, embora “nem todo mundo tenha concordado”, uma vez que a decisão foi tomada, todos da revista se uniram em torno da posição.

A respeito das acusações de agressão contra o canadense, o agora ex-editor da The New York Review of Books disse que não era o juiz das verdades e mentiras de cada alegação. “Como eu poderia ser?”, questionou.

Ele ressaltou ainda que Ghosmeni havia sido absolvido e disse não ter provas de que ele tinha cometido crimes. “Eu não tenho ideia da natureza exata de seu comportamento —quanto de consentimento estava envolvido—, nem é verdadeiramente minha preocupação”, afirmou Buruma na entrevista.

Buruma nasceu na Holanda e foi alçado ao cargo de editor após a morte de Robert Silvers, que fundou a revista em 1963 ao lado de Barbara Epstein. Buruma, 66, foi articulista do jornal britânico "The Guardian", ensaísta do "New York Times" e professor direitos humanos e jornalismo no Bard College (Nova York). 

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