Pobre na infância, músico e ator Jared Leto hoje investe na Uber e Airbnb

Ele faz shows com a banda Thirty Seconds to Mars no país; nesta quinta em SP

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O vocalista Jared Leto durante show do Thirty Seconds to Mars no Rock in Rio 2017 - Eduardo Anizelli - 24.set.2017/Folhapress
Ivan Finotti
São Paulo

​​O músico e ator Jared Leto, em São Paulo para um show de sua banda Thirty Seconds to Mars, nesta quinta (27), abriu suas asas políticas em entrevista para a Folha.

Apoiador de Hillary Clinton contra Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas há dois anos, ele diz que vê o mesmo se repetir agora no Brasil.

“É fácil, num tempo em que as pessoas estão temerosas, jogar com esses medos. Medos de violência, da economia. (...) Não sei se esse candidato de direita está usando essas táticas, mas se ele estiver, quero dizer, esse é o jeito mais simples de fazê-lo”, afirmou.

O último álbum de sua banda, chamado “America” (abril de 2018), reflete esse momento de seu país, conta ele. “A canção de abertura, ‘Walk on Water’ tem sido muito cantada nos estádios, e não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. Estou ansioso para ver como vai ser aqui”.

O single, que ficou cinco semanas em primeiro lugar na Billboard, fala que “no final, a escolha é clara/ dê um tiro na cara do medo”.

Sobre o Coringa, que Leto encarnou em “Esquadrão Suicida” (2016), mas cujo papel perdeu para Joaquin Phoenix quando foi anunciado um filme só do personagem (com estreia prevista para 2019), o artista não quis falar.

Leto e seu irmão tocam nesta quinta no Espaço das Américas e seguem para Porto Alegre (29) e Curitiba (30). Há ingressos para todos os shows.

 

Como contrário à candidatura e à política de Donald Trump nos EUA, você está a par do sucesso da extrema direita nas pesquisas eleitorais para presidente no Brasil?

Sei um pouquinho do que está se passando no Brasil. E não é só aqui que isso está acontecendo. A França esteve muito perto de ter um governo de extrema direita. Olhando a história, são ondas que acontecem na política, de direita e de esquerda.

Vê semelhanças entre o Brasil e o que aconteceu com os EUA?

Sim. É fácil, num tempo em que as pessoas estão temerosas, jogar com esses medos. Medos de violência, da economia. É fácil despertar emoções em grandes grupos de pessoas e há gente que é muito boa nisso. E o menor denominador comum é através do medo.

Eu diria que medo é uma emoção bastante citada nessas eleições. Não sei se esse candidato de direita está usando essas táticas, mas se ele estiver, quero dizer, esse é o jeito mais simples de fazê-lo.

É dizer “vou solucionar todos os seus problemas, tenho todas as respostas, se você não votar em mim, você está frito. Vou acabar com a violência e te fazer sentir poderoso”.

Na verdade, eu diria que isso é um lugar-comum em eleições no Brasil.

Bem, isso funciona há milhares de anos, é uma vergonha, seria melhor que pudéssemos discutir ideias melhores, mas infelizmente parece que o medo é o grande fator para se provocar emoções e reações. Aconteceu nos Estados Unidos e pode acontecer em qualquer lugar.

Como você definiria a importância da música e do cinema em sua vida?

A música é minha prioridade. Faço poucos filmes. A banda, sou eu e meu irmão, desde garotos, e nos permite viajar o mundo. É difícil bater isso. Se eu fosse apenas ator, não poderia ter vindo umas dez vezes ao Brasil.

Você já veio ao Brasil sem ser para cantar?

Sim! Uma delas foi de férias, acho que em 1998, para o Réveillon, no Rio de Janeiro. Supercool. Andei à vontade por todo o lado. Acho que agora está mais violento. 

A música dá mais dinheiro que o cinema?

Inicialmente, fazer filmes seria mais lucrativo, mas a música é mais duradouro. E eu não gasto tanto assim. Sou investidor de companhias de tecnologia.

É mesmo? Que tipo de companhia?

De tecnologia.

Mas quais? Cite uma pelo menos.

​Uber, Airbnb, Snapchat e 50 outras. 70 outras. Eu não me importo em ganhar dinheiro, é divertido, tomar decisões corretas, é um jogo até certo ponto, mas esse não é minha motivação principal na vida. Se fosse, eu seria muito mais rico, porque sou realmente bom nisso.

Você vem de família rica?

Eu e meu irmão crescemos muito pobres. Vivíamos com assistência do governo. Mãe solteira, dois filhos. Meu primeiro emprego foi aos 9 anos, entregando jornais, e depois lavando pratos, aos 12. Então, tenho noção de como tenho sorte de estar onde estou hoje. 
 


Thirty Seconds to Mars
Quinta (27) - Espaço das Américas, rua Tagipuru, 795, Barra Funda, São Paulo. De R$ 240 a R$ 480. 14 anos
Sábado (29) - Pepsi on Stage, av. Severo Dullius, 1.995, Anchieta, Porto Alegre. De R$ 150 a R$ 260. 16 anos
Domingo (30) - Teatro Positivo, r. Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido, Curitiba. De R$ 380 a R$ 980. 14 anos
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